sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Lenda da Fonte de Pedra


Lenda da Fonte da Pedra
(Alvoco da Serra)



Reza a História que, quando Herodes perseguiu São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus, eles fugiram para o Egipto. No seu percurso, passaram pela Serra da Avoaça e N. Senhora quis descansar porque estava muito cansada. Todos tinham sede mas não se via nenhuma nascente por perto. S. José vendo uma pedra ao pé deles, virou-se para o burro e ordenou:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu mas a pedra não fugiu!
S. José ordenou novamente:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu e desta vez a pedra gemeu!
S. José ordenou pela terceira vez:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu e a pedra chorou!
E desta forma puderam os três matar a sede. A partir daí, a nascente passou a chamar-se Fonte da Pedra e possui propriedades terapêuticas; nomeadamente, a água cura os cravos, isto é, as verrugas das mãos. Ainda lá estão as três marcas na pedra:
A primeira está seca (não fugiu).
A segunda deita um fio de água (gemeu).
A terceira é a nascente (chorou).
Enquanto descansavam, Nossa Senhora resolveu estender a toalha sobre uma pedra para comerem algo, que a fome apertava. Pois desde então nunca mais o musgo cresceu nessa pedra, como ainda hoje se pode comprovar!
Porém , chegou a hora de continuarem a viagem e arrumaram tudo. Quando começaram a andar, Nossa Senhora prendeu o manto no mato que crescia na zona e rasgou-o. Como castigo de tal atitude, decidiu que nunca o mato cresceria, seria sempre pequeno. E assim é, visto que ainda hoje se diz que o mato é como o da Fonte da Pedra, quando se pretende explicar que é de pequena estatura.
Tinha a Sagrada Família retomado a sua marcha, quando chegaram a um terreno onde várias pessoas semeavam a terra. E pergunta S. José:
- Então que semeais aqui?
- Semeamos pão (leia-se centeio)!
- Pois voltai amanhã, que pão colhereis!!
E assim aconteceu: no dia seguinte, as pessoas voltaram e encontraram o terreno repleto de centeio maduro, pronto para a ceifa. Mais à frente, Nossa Senhora e S. José encontraram outro grupo de pessoas que semeavam igualmente um terreno. E, de igual forma, pergunta S. José:
-Então, que semeais vós aqui?
Sendo estas pessoas de má índole, responderam:
- Semeamos pedras!
- Pois voltai amanhã, que pedras colhereis!
E no dia seguinte, quando as pessoas tornaram ao terreno, encontraram-no cheio de pedregulhos. Diz-se que foi na Pedriça de Unhais, onde ainda se podem ver as pedras.
Entretanto, o rei Herodes não se conformou com a fuga da Sagrada Família e mandou soldados no seu encalço. Estes seguiram o mesmo percurso da Fonte da Pedra e chegaram ao local onde o primeiro grupo de homens ceifava o terreno de centeio. Os soldados resolveram informar-se e perguntaram às pessoas:
- Viram passar um homem a conduzir um burro, onde ia uma mulher com um menino ao colo?
- Vimos, sim senhor! - responderam os ceifeiros. - Passaram aqui quando estavámos a semear este terreno!
Ao ouvir tal, exclamaram os soldados:
- Oh! Estavam a semear?! Então já passaraam há muito tempo! Já não os vamos conseguir apanhar!
E voltaram para trás, desistindo da perseguição.
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domingo, 26 de setembro de 2010

Lenda: Icamiabas

Guerreiras Amazonas - A Lenda das Icamiabas
Lenda tradicional da Amazônia - Recontada por Esperança Alves


"Conta a lenda que, há muito tempo , na Floresta Amazônica, existiu uma tribo indígena da grande nação “Tupi”, constituída unicamente de belas mulheres, livres e independentes, sem maridos, excelentes arqueiras e bravas guerreiras na defesa de sua gente, da floresta e de suas riquezas: as “Icamiabas “ .

Em noites de lua cheia, as “ Icamiabas” faziam uma cerimônia sagrada para a Deusa “ Iacy” , a mãe-lua, no lago “ Iacy-uaruá” , que quer dizer "Espelho da Lua". Para esse ritual sagrado eram convidados os indígenas “Guacaris”, vizinhos e amantes das belas guerreiras. Próximo à meia-noite, caminhavam, em procissão, pelas matas amazônicas, trazendo aos ombros potes cheios de perfumes - ervas e raízes cheirosas - que eram, então, despejados no lago, purificando-o e tornando-o sagrado para a cerimônia em honra de ” Iacy.”

Após o ritual amoroso com os “guacaris”, sob as bençãos da deusa-lua, as amantes guerreiras mergulhavam nas águas purificadas do lago e buscavam no fundo um barro, com o qual moldavam um amuleto, " o muiraquitã ", em diversas formas: rãs, tartarugas, peixes entre outros. A mais famosa era em forma de rã, de cor verde, que era presenteada por cada amante ao seu amado, como amuleto de sorte, fertilidade e proteção da divindade lunar.

Diz a lenda que o fruto desse encontro amoroso, quando menino ficava sob proteção do pai; se menina fosse, seria educada pela mãe segundo as tradições ancestrais das “ Icamiabas”.

Saiba...

As Icamiabas foram chamadas de “Amazonas” , primeiramente pelo Frei Gaspar de Carvajal - cronista da épica viagem do espanhol Francisco de Orellana, que entraria para história como o primeiro contato da “civilização” com a Amazônia. O relato minucioso de Carvajal, do famoso encontro com as “Amazonas” – em 24/06/1542, suscitou o fascínio e o mistério junto aos viajantes e aventureiros europeus. As Icamiabas foram chamadas de “Amazonas” por analogia ao mito grego – Ásia Menor, de mesmo nome, muito conhecido na Europa, mas também com registros nas culturas pré-helênicas que viviam às margens do Mar Negro (Cítia) e ao norte da África.

O mito das Amazonas, segundo tese de Johann Jakob Bachofen, intitulada “O Matricarcado”, faz referência a uma das fases do poder político-sócio-religioso da mulher na história primitiva; as Amazonas, cujo nome deriva do grego “ amadzón” - “a” (não) e “madzós” (seio) – sacrificariam sua feminilidade mutilando um dos seios, não apenas para combater como um homem, em sua luta com o masculino pela independência, mas também para fortalecer a Grande Deusa grega da matrilinhagem, da abundância, da caça e dos animais: “Ártemis” , também conhecida como “Diana de Éfeso”, que em uma de suas muitas representações, foi esculpida com um manto cheio de seios, símbolos dos seios a ela sacrificados pelas Amazonas.

A fama das “Amazonas” da América do Sul, as Icamiabas, se espalhou pela Europa, para o que muito contribuiu a descoberta dos muiraquitãs em jadeíta, nas proximidades dos rios Nhamundá, Trombetas e Tapajós – afluentes do Baixo Amazonas, no início da colonização Amazônica, pelos portugueses.

A lenda deu origem ao nome da grande bacia da região, ao seu principal Rio, bem como a um dos Estados do Brasil - a região constou na cartografia européia dos séc. XVII e XVIII, com o nome de “País das Amazonas” ou “País das Pedras Verdes”, separadamente do “Brasil”, como é o caso do mapa de “Pieter van der AA/Século XVIII – Pays des Amazones”, publicado no livro Espelho Índio: A Formação da Alma Brasileira/ Roberto Gambini. – São Paulo: Axis Mundi/Terceiro Nome, 2000).

O “Muiraquitã” possui formas e cores variadas – peixes, sapos e tartarugas; em cores de azeitona, leitosa ou escura - sendo o mais famoso em forma de sapo/rã e de cor verde (jade). Atualmente, poucos são os exemplares existentes na região; Estão expostos nos grandes museus do mundo e fazem parte de coleções particulares. Os(as) amazônidas fazem uso do amuleto em forma de réplicas fabricadas pelos artesãos locais, em cerâmica e outros materiais.

domingo, 23 de maio de 2010

A Bela Adormecida

Era uma vez...

Um rei e uma rainha muito tristes porque não tinham filhos. Até que um dia nasceu uma linda princesinha que eles chamaram de Aurora.

No dia do batizado vieram três fadas madrinhas, Fauna, Flora e Primavera para dar-lhes os seus presentes.

Flora a presenteou com grande beleza e Fauna com uma maravilhosa voz para o canto. Mas antes que Primavera pudesse dizer qual era o seu presente, um furacão invadiu o palácio, e com ele entrou Malévola, a Bruxa do Mal.

Furiosa por não ter sido convidada para a festa. Malévola jogou na inocente criança uma terrível maldição:

_ No dia em que completar 16 anos, Aurora espetará o dedo no fuso de uma roca de fiar e morrerá.

Após pronunciar estas palavras horríveis, ela sumiu no ar. Por sorte, ainda faltava o presente de Primavera:

_ Minha magia não é tão forte quanto a de Malévola, por isso só posso tentar atenuar a maldição. Aurora não morrerá, mas entrará num sono profundo, do qual só vai despertar com um beijo de amor sincero.

A pequena princesa foi colocada sob a guarda das três fadas madrinhas, que a levaram para o bosque.

Os anos se passaram sem que ninguém soubesse onde estava a princesa, nem mesmo a bruxa malvada.

Passeando e cantando no bosque, a princesa encontra um jovem cavaleiro que andava ali por perto, Felipe. Os dois conversaram a tarde toda e se apaixonaram.
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Enquanto isso as fadinhas preparavam uma linda festa de aniversário. Como as coisas na cabana não davam certo, resolveram usar suas varinhas e tantas mágicas que fizeram, que o pó colorido escapou pela chaminé e chamou a atenção do corvo de Malévola.

Quando Aurora chegou na cabana, ficou muito feliz com a festa-surpresa e adorou o lindo vestido. Contou que estava apaixonada.

Quando souberam de tudo, ao invés de ficarem contentes as fadas ficaram tristes e então disseram toda a verdade para Aurora. Ela estaria, como princesa prometida para outro homem. A pobre princesa chorou muito e depois seguiram para o castelo de seu pai.

No castelo dos pais, Aurora ficou deslumbrada! Percorreu todas as alas e, numa delas, encontrou uma velha (a bruxa MALÉFICA disfarçada!) que estava a fiar numa roca, e lhe pediu ajuda. Aurora, boa como era, não foi capaz de dizer que não. Mas mal tocou na roca, picou-se, e caiu no chão profundamente adormecida.

Quando as três fadas, que já haviam regressado ao bosque, souberam do sucedido, resolveram encantar o castelo. Todos adormeceram nos lugares onde estavam, o rei, os músicos, os cortesão, os criados, até o bobo da corte e as aias e os cavaleiros! O tempo ali como que parou.

Desesperadas as fadas foram procurar Felipe. Contaram tudo a ele. Imediatamente pôs-se a caminho. Com o castelo cercado de espinhos, as fadas então presentearam Felipe com o Escudo da Verdade e com a Espada de Esperança.

A bruxa malvada transforma-se num enorme dragão. Felipe luta como pode. Quando tudo parecia perdido, Primavera veio ajudar Felipe e encantou mais uma vez a espada.

Quando ele a arremessou contra o coração do dragão, ela foi certeira e Malévola desapareceu para sempre. O príncipe correu para a torre onde estava Aurora e, beijando-a com amor, rompeu o encanto.

O feitiço desfez-se! Aurora acordou. E acordou o rei. E a rainha também. E acordou toda a corte. E a alegria voltou ao castelo, e fizeram-se grandes festejos, com música e danças por todo o lado.

E naquela noite, Aurora dançou com Felipe. Mais tarde casaram-se e viveram muito felizes.



domingo, 4 de abril de 2010

A Serpente e o Vaga lume


Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.

Este, fugia rápido, com medo da feroz predadora, e a serpente nem pensava em desistir.

Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada...

No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse a serpente:

- Posso lhe fazer três perguntas?

- Não costumo abrir esse precedente a ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar...

E o vagalume perguntou:

- Pertenço a sua cadeia alimentar?

- Não.

- Eu te fiz algum mal?

- Não.

- Então, por que você quer acabar comigo?

- "Porque Não Suporto Ver Você Brilhar"...


Moral da história: Na vida várias "serpentes" passam no nosso caminho, precisamos nunca deixá-las apagar nosso brilho!!!!
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sábado, 27 de março de 2010

As Três Árvores




Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam com o que seriam depois de grandes...

A primeira, olhando as estrelas, disse:
- Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada.

A segunda olhou para o riacho e suspirou:
- Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas.

A terceira árvore olhou o vale e disse:
- Eu quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que, as pessoas ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus.

Muitos anos se passaram, e certo dia vieram três lenhadores e cortaram as três árvores, todas muito ansiosas em serem transformadas naquilo com que sonhavam.
Mas lenhadores não costumam ouvir e nem entender sonhos!
Que pena!

A primeira árvore acabou sendo transformada num cocho de animais, coberto de feno.

A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.

E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em altas vigas e colocada de lado em um depósito.

E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes:
- Para que isso?

Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu neném recém-nascido naquele cocho de animais.

E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo!

A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, o homem se levantou e disse: "PAZ"!

E num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o rei dos céus e da terra.

Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo, sentiu-se horrível e cruel.


Mas logo no Domingo, o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela.

As árvores haviam tido sonhos...

Mas as suas realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado. Temos os nossos sonhos e nossos planos que, por vezes, não coincidem com os planos que Deus tem para nós; e, quase sempre, somos surpreendidos com a sua generosidade e misericórdia. É importante compreendermos que tudo vem de Deus, acreditarmos, termos fé, pois Ele sabe muito bem o que é melhor para cada um de nós...
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sábado, 6 de março de 2010

A Mulher e a Galinha

Uma mulher possuía uma galinha, que todos os dias sem falta, botava um ovo.

Ela então pensava consigo mesma, como poderia fazer para obter, ao invés de um, dois ovos por dia.

Assim, disposta a atingir seu objetivo, decidiu alimentar a galinha com uma porção de ração em dobro.

A partir daquele dia, a galinha tornou-se gorda e preguiçosa, e nunca mais botou nenhum ovo.

Autor: Esopo

Moral da História:
O Ganancioso, cedo ou tarde, acaba por se tornar vítima de sua própria ambição.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Uma Lenda do Polo Norte

Uma lenda do Polo Norte
Postado por Paulo Coelho em 01 de janeiro de 2010 às 01:02

Conta uma lenda esquimó que na aurora do mundo não havia qualquer diferença entre homens e animais: todas as criaturas viviam em harmonia sobre a face da Terra, e cada uma podia transformar-se na outra, a fim de entendê-la melhor. Os homens viravam peixes, os peixes viravam homens, e todos falavam a mesma língua.

“Nesta época”, continua a lenda, “as palavras eram mágicas, e o mundo espiritual distribuía fartamente suas bênçãos. Uma frase dita ao acaso podia ter estranhas consequências; bastava pronunciar um desejo que este se realizava”.

Foi então que todas as criaturas começaram a abusar deste poder. A confusão se instalou, e a sabedoria se perdeu.

“Mas a palavra continua mágica, e a sabedoria ainda concede o dom de fazer milagres a todos que a respeitam”, conclui a lenda.
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sábado, 2 de janeiro de 2010

Fábula: O Burro Juiz

"Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse:Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam?

- Topamos! piaram as aves. Mas quem servirá de juiz?

Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro.- Nem de encomenda! exclamou a gralha. Está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidê-mo-lo. Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda.

- Vamos lá, comecem! ordenou ele.

O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso.
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- Agora eu! disse a gralha, dando um passo à frente.E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos.
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Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença:

- Dou ganho de causa à excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá."

Moral da História: Quem burro nasce, togado ou não, burro morre.