sábado, 24 de maio de 2008

Fábula: A Gralha e os Corvos

Uma gralha de tamanho descomunal olhava seus semelhantes com desdém.
Partiu então em busca dos corvos para morar com eles.
Mas os corvos, que nunca a tinham visto, expulsaram-na sem piedade.
Rejeitada por eles, a gralha voltou para os seus.
Mas estes não lhe perdoavam o orgulho: não aceitaram de volta.
E ela não pode viver nem com uns nem com os outros.

Não troques a tua terra por uma outra: nesta serás rejeitado por ser estrangeiro e naquela o teu desprezo será devolvido em ódio.

(Autor: Esopo)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A ratoeira

Um rato olhando pelo buraco na parede vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira.
Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:
_ Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa.
A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:
_ Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e disse a ele:
_ Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira.
_ Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.
O rato dirigiu-se então à vaca. E ela disse:
_ O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a cauda de uma cobra venenosa.
A cobra picou a mulher.
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral e o fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco.

“O problema de um é problema de todos quando convivemos em equipe.”

Retirado de: http://sabedoriapopular.redeblogs.com.br/2007/06/01/a-ratoeira/

domingo, 18 de maio de 2008

Lenda: Mandioca

Conta-se que foi há muito tempo.
Havia numa tribo indígena uma indiazinha tão bela e tão delicada.
Todos a amavam. Não só amavam, adoravam mesmo.
Mani era diferente. Tinha a pele clara, lindos e longos cabelos e sempre um sorriso no rosto a iluminar os passantes, como a aura da manhã!
Um dia a menina amanheceu doente.
Toda a tribo se pôs em alvoroço.
Fizeram de tudo para salvar sua linda descendente.
Porém, nem a pagelança, nem os segredos da mata virgem, nem as águas profundas, nem a banha de animais raros; puderam evitar-lhe a morte.
Os índios enterraram o corpo de Mani debaixo de uma árvore.
E quando fez um ano, foram levar-lhe flores e ainda rezar por ela.
Eles ficaram surpresos, havia crescido em sua sepultura alguns arbustos diferentes.
Eles eram fortes e vigorosos.
Os índios arrancaram um arbusto e viram suas raízes grossas e brancas comoas carnes de Mani.
Então eles a comeram, dizendo que era a carne de Mani.
Assim ficou conhecida como manioca ou mandioca.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Lenda: Piripirioca

A tribo Manau vivia num lugar muito bonito da floresta amazônica. A tribo era conhecida pela beleza das mulheres indígenas. Um dia um índio estranho estava pescando no lago próximo a tribo.
Era Piripari que pescava pirás.
Quando o bando de cunhãs da tribo Manau o avistou, elas se aproximaram para tentar conhecê-lo melhor.
Uma delas falou:
- De que terra vens, ó moço bonito? Tu és lindo feito a manhã.
Piripari não as olhou, mas uma das índias botou a mão no ombro dele. Mal a mão tocou o moço, ficou toda perfumada. As cunhãs ficaram maravilhadas.
- Moço, conta para nós qual é o teu segredo. Se não contares, o levaremos preso para nossa taba.
Mas, ele apenas gritou:
- Meu nome é Piripari!
Ao gritar, ele pulou rapidamente no rio, e na linha de pescar levava três cunhãs.
As outras moças pediam para ele não ir embora.
- Piripari, não vás, somos amigas e te queremos bem.
Elas esperaram por muito tempo que ele voltasse. Sentaram-se na praia e esperaram longamente pelo moço.
No entanto, Piripari não voltou.
Apenas o seu cheiro ficara no vento, um cheiro embriagador que envolvia toda a floresta.
Lá longe, Piripari libertou as moças presas à linha de pesca. Ele disse a elas:
- Não queiram pensar no meu amor. Ainda não é meu tempo de amar, não me esperem mais, cunhãs Manaus.
Apaixonadas porém, as cunhãs permaneceram inconsoláveis na espera.
Depois de muito tempo, vendo a tristeza das cunhãs, apareceu na tribo um jovem feiticeiro chamado Supi.
Querendo ajudar as moças, ele disse:
- Se o cabelo de vocês tocar Piripari, ele ficará preso. Quando a lua cheia vier, vão até a praia onde ele costuma estar e cada uma leve na mão um fio de cabelo para amarrá-lo.
No dia marcado, as cunhãs foram para o rio.
Ela viram Supi que estava pescando. Supi puxava a linha e tirou um peixe.
Ele enterrou o peixe na areia. A lua subia bem alto. Elas viram que o peixe virava Piripiri.
As cunhãs, devagarinho, com os fios de seus cabelos amarraram Piripari. Elas vibravam de contentes.
Enquanto elas o amarravam ele olhava para o céu e cantava uma linda cantiga, mas ele não se mexia. Elas então queixaram-se a Supi:
- Nós o prendemos, mas ele nem se deu conta.
O feiticeiro tratou de tranquilizá-las:
- Enquanto ele está cantando a alma dele passeia pelo céu, entre as estrelas.
Não toquem no corpo dele, do contrário ele desperta e a alma ficará no céu. Logo que ele despertar, podem levá-lo para casa.
No entanto, Piripari demorava a acordar. As cunhãs começaram a perder a paciência e diziam:
_ Acorda, Piripari.
Puraê, uma das cunhãs, chegou a tocar no ombro num gesto muito impaciente.
Neste momento, Piripari se calou e a lua tornou-se escura. Soprou forte um vento frio e as cunhãs caíram em sono profundo.
Quando elas acordaram, no mesmo local onde haviam deixado o corpo de Piripari estava uma pequena planta, uma plantinha apenas, mas de um perfume encantador.
Neste instante, Supi se aproximou:
_ Me escutem, cunhãs Manaus. Quem quiser cheiro de encanto, use no banho esta planta que desde hoje passar a se chamar piripirioca, a planta que nasceu de piripiri.
E Puraê, a cunhã mais desobediente, de castigo, caiu nos braços de um sapo cururu gigante.
As outras cunhãs, entristecidas voltaram para a taba. Nunca mais Piripari foi visto à beira do rio ou cantando uma cantiga voz de estrela misteriosa.
Até hoje as caboclas da Amazônia usam a planta cheirosa para conquistar outros moços...


Retirado de:


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Fábula: A Gansa de Ovos de Ouro

Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua gansa tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:

_ Veja! Estamos ricos!

Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.

Na manhã seguinte, a gansa tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço.

E assim aconteceu durante muitos dias.

Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria.

E pensou:

"Se esta gansa põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"

Matou a gansa e, por dentro, a gansa era igual a qualquer outra.


Esopo
Quem tudo quer tudo perde.