quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Contos de Natal

A Pequena Vendedora de Fósforos

"Que frio tão atroz! Caía a neve, e a noite vinha por cima. Era dia de Natal. No meio do frio e da escuridão, uma pobre menina passou pela rua com a cabeça e os pés descobertos.

É verdade que tinha sapatos quando saíra de casa; mas não lhe serviram por muito tempo. Eram uns tênis enormes que sua mãe já havia usado: tão grandes, que a menina os perdeu quando atravessou a rua correndo, para que as carruagens que iam em direções opostas não lhe atropelassem.

A menina caminhava, pois, com os pezinhos descalços, que estavam vermelhos e azuis de frio. Levava no avental algumas dúzias de caixas de fósforos e tinha na mão uma delas como amostra. Era um péssimo dia: nenhum comprador havia aparecido, e, por conseqüência, a menina não havia ganho nem um centavo. Tinha muita fome, muito frio e um aspecto miserável. Pobre menina! Os flocos de neve caíam sobre seus longos cabelos loiros, que se esparramavam em lindos caracóis sobre o pescoço; porém, não pensava nos seus cabelos. Via a agitação das luzes através das janelas; sentia o cheiro dos assados por todas as partes. Era dia de Natal, e nesta festa pensava a infeliz menina.

Sentou-se em uma pracinha, e se acomodou em um cantinho entre duas casas. O frio se apoderava dela, e inchava seus membros; mas não se atrevia a aparecer em sua casa; voltava com todos os fósforos e sem nenhuma moeda. Sua madrasta a maltrataria, e, além disso, na sua casa também fazia muito frio. Viviam debaixo do telhado, a casa não tinha teto, e o vento ali soprava com fúria, mesmo que as aberturas maiores haviam sido cobertas com palha e trapos velhos. Suas mãozinhas estavam quase duras de frio. Ah! Quanto prazer lhe causaria esquentar-se com um fósforo! Se ela se atrevesse a tirar só um da caixa, riscaria na parede e aqueceria os dedos! Tirou um! Rich! Como iluminava e como esquentava! Tinha uma chama clara e quente, como de uma velinha, quando a rodeou com sua mão. Que luz tão bonita! A menina acreditava que estava sentada em uma chaminé de ferro, enfeitada com bolas e coberta com uma capa de latão reluzente. Luzia o fogo ali de uma forma tão linda! Esquentava tão bem!

Mas tudo acaba no mundo. A menina estendeu seus pezinhos para esquentá-los também, mas a chama se apagou: não havia nada mais em sua mão além de um pedacinho de fósforo. Riscou outro, que acendeu e brilhou como o primeiro; e ali onde a luz caiu sobre a parede, fez-se tão transparente como uma gaze. A menina imaginou ver um salão, onde a mesa estava coberta por uma toalha branca resplandecente com finas porcelanas, e sobre a qual um peru assado e recheado de trufas exalava um cheiro delicioso. Oh, surpresa! Oh, felicidade! Logo teve a ilusão de que a ave saltava de seu prato para o chão, com o garfo e a faca cravados no peito, e rodava até chegar a seus pezinhos. Mas o segundo fósforo apagou-se, e ela não viu diante de si nada mais que a parede impenetrável e fria.

Acendeu um novo fósforo. Acreditou, então, que estava sentada perto de um magnífico nascimento: era mais bonito e maior que todos os que havia visto aqueles dias nas vitrines dos mais ricos comércios. Mil luzes ardiam nas arvorezinhas; os pastores e pastoras pareciam começar a sorrir para a menina. Esta, embelezada, levantou então as duas mãos, e o fósforo se apagou. Todas as luzes do nascimento se foram, e ela compreendeu, então, que não eram nada além de estrelas. Uma delas passou traçando uma linha de fogo no céu.

Isto quer dizer que alguém morreu — pensou a menina; porque sua vovozinha, que era a única que havia sido boa com ela, mas que já não estava viva, havia lhe dito muitas vezes: "Quando cai uma estrela, é que uma alma sobe para o trono de Deus".

A menina ainda riscou outro fósforo na parede, e imaginou ver uma grande luz, no meio da qual estava sua avó em pé, e com um aspecto sublime e radiante.

— Vovozinha! — gritou a menina. — Leve-me com você! Quando o fósforo se apagar, eu sei bem que não lhe verei mais! Você desaparecerá como a chaminé de ferro, como o peru assado e como o formoso nascimento!

Depois se atreveu a riscar o resto da caixa, porque queria conservar a ilusão de que via sua avó, e os fósforos lhe abriram uma claridade vivíssima. Nunca a avó lhe havia parecido tão grande nem tão bonita. Pegou a menina nos braços, e as duas subiram no meio da luz até um lugar tão alto, que ali não fazia frio, nem se sentia fome, nem tristeza: até o trono de Deus.

Quando raiou o dia seguinte, a menina continuava sentada entre as duas casas, com as bochechas vermelhas e um sorriso nos lábios. Morta, morta de frio na noite de Natal! O sol iluminou aquele terno ser, sentado ali com as caixas de fósforos, das quais uma havia sido riscada por completo.

— Queria esquentar-se, a pobrezinha! — disse alguém.


Mas ninguém podia saber as coisas lindas que havia visto, nem em meio de que esplendor havia entrado com sua idosa avó no reino dos céus."

Hans Christian Andersen

sábado, 29 de novembro de 2008

Os Três Porquinhos

Era uma vez, em uma época em que os animais falavam, três porquinhos que viviam felizes e despreocupados na casa da mãe.


A mãe era ótima, cozinhava, passava e fazia tudo pelos filhos. Porém, dois dos filhos não a ajudavam em nada e o terceiro sofria em ver sua mãe trabalhando sem parar.
Certo dia, a mãe chamou os porquinhos e disse:


__Queridos filhos, vocês já estão bem crescidos. Já é hora de terem mais responsabilidades para isso, é bom morarem sozinhos.


A mãe então preparou um lanche reforçado para seus filhos e dividiu entre os três suas economias para que pudessem comprar material e construírem uma casa. Estava um lindo dia, ensolarado e brilhante.


A mãe porca despediu-se dos seus filhos:


__Cuidem-se! Sejam sempre unidos! - desejou a mãe.


Os três porquinhos, então, partiram pela floresta em busca de um bom lugar para construírem a casa.


Porém, no caminho começaram a discordar com relação ao material que usariam para construir o novo lar. Cada porquinho queria usar um material diferente.


O primeiro porquinho, um dos preguiçosos foi logo dizendo:


__ Não quero ter muito trabalho! Dá para construir uma boa casa com um monte de palha e ainda sobra dinheiro para comprar outras coisas.


O porquinho mais sábio advertiu:


__ Uma casa de palha não é nada segura.


O outro porquinho preguiçoso, o irmão do meio, também deu seu palpite:


__ Prefiro uma casa de madeira, é mais resistente e muito prática. Quero ter muito tempo para descansar e brincar.


__ Uma casa toda de madeira também não é segura - comentou o mais velho- Como você vai se proteger do frio? E se um lobo aparecer, como vai se proteger?


__ Eu nunca vi um lobo por essas bandas e, se fizer frio, acendo uma fogueira para me aquecer! - respondeu o irmão do meio- E você, o que pretende fazer, vai brincar conosco depois da construção da casa?
__Já que cada um vai fazer uma casa, eu farei uma casa de tijolos, que é resistente. Só quando acabar é que poderei brincar. – Respondeu o mais velho.


O porquinho mais velho, o trabalhador, pensava na segurança e no conforto do novo lar. Os irmãos mais novos preocupavam-se em não gastar tempo trabalhando.


__Não vamos enfrentar nenhum perigo para ter a necessidade de construir uma casa resistente. - Disse um dos preguiçosos.


Cada porquinho escolheu um canto da floresta para construir as respectivas casas. Contudo, as casas seriam próximas. O Porquinho da casa de palha, comprou a palha e em poucos minutos construiu sua morada.


Já estava descansando quando o irmão do meio, que havia construído a casa de madeira chegou chamando-o para ir ver a sua casa.


Ainda era manhã quando os dois porquinhos se dirigiram para a casa do porquinho mais velho, que construía com tijolos sua morada.


__Nossa! Você ainda não acabou! Não está nem na metade! Nós agora vamos almoçar e depois brincar. – disse irônico, o porquinho do meio.


O porquinho mais velho porém não ligou para os comentários, nem par a as risadinhas, continuou a trabalhar, preparava o cimento e montava as paredes de tijolos. Após três dias de trabalho intenso, a casa de tijolos estava pronta, e era linda!


Os dias foram passando, até que um lobo percebeu que havia porquinhos morando naquela parte da floresta.


O Lobo sentiu sua barriga roncar de fome, só pensava em comer os porquinhos. Foi então bater na porta do porquinho mais novo, o da casa de palha.


O porquinho antes de abrir a porta olhou pela janela e avistando o lobo começou a tremer de medo.


O Lobo bateu mais uma vez, o porquinho então, resolveu tentar intimidar o lobo:


__ Vá embora! Só abrirei a porta para o meu pai, o grande leão!- mentiu o porquinho cheio de medo.


__ Leão é? Não sabia que leão era pai de porquinho. Abra já essa porta. – Disse o lobo com um grito assustador.


O porquinho continuou quieto, tremendo de medo.


__Se você não abrir por bem, abrirei à força. Eu ou soprar, vou soprar muito forte e sua casa irá voar.


O porquinho ficou desesperado, mas continuou resistindo.


Até que o lobo soprou um a vez e nada aconteceu, soprou novamente e da palha da casinha nada restou, a casa voou pelos ares.


O porquinho desesperado correu em direção à casinha de madeira do seu irmão. O lobo correu atrás. Chagando lá, o irmão do meio estava sentado na varanda da casinha.


__Corre, corre entra dentro da casa! O lobo vem vindo! – gritou desesperado, correndo o porquinho mais novo.


Os dois porquinhos entraram bem a tempo na casa, o lobo chegou logo atrás batendo com força na porta. Os porquinhos tremiam de medo.


O lobo então bateu na porta dizendo:


__Porquinhos, deixem eu entrar só um pouquinho!


__ De forma alguma Seu Lobo, vá embora e nos deixe em paz.- disseram os porquinhos.


__ Então eu vou soprar e soprar e farei a casinha voar. O lobo então furioso e esfomeado, encheu o peito de ar e soprou forte a casinha de madeira que não agüentou e caiu.


Os porquinhos aproveitaram a falta de fôlego do lobo e correram para a casinha do irmão mais velho. Chegando lá pediram ajuda ao mesmo.


__Entrem, deixem esse lobo comigo!- disse confiante o porquinho mais velho.


Logo o lobo chegou e tornou a atormentá-los:


__ Porquinhos, porquinhos, deixem-me entrar, é só um pouquinho!


__Pode esperar sentado seu lobo mentiroso.- respondeu o porquinho mais velho.


__ Já que é assim, preparem-se para correr. Essa casa em poucos minutos irá voar! O lobo encheu seus pulmões de ar e soprou a casinha de tijolos que nada sofreu. Soprou novamente mais forte e nada. Resolveu então se jogar contra a casa na tentativa de derrubá-la. Mas nada abalava a sólida casa.


O lobo resolveu então voltar para a sua toca e descansar até o dia seguinte. Os porquinhos assistiram a tudo pela janela do andar superior da casa. Os dois mais novos comemoraram quando perceberam que o lobo foi embora.


__ Calma , não comemorem ainda! Esse lobo é muito esperto, ele não desistirá antes de aprende ruma lição.- Advertiu o porquinho mais velho.


No dia seguinte bem cedo o lobo estava de volta à casa de tijolos. Disfarçado de vendedor de frutas.


__ Quem quer comprar frutas fresquinhas?- gritava o lobo se aproximando da casa de tijolos.


Os dois porquinhos mais novos ficaram com muita vontade de comer maçãs e iam abrir a porta quando o irmão mais velho entrou na frente deles e disse:


__ Nunca passou ninguém vendendo nada por aqui antes, não é suspeito que na manhã seguinte do aparecimento do lobo, surja um vendedor?


Os irmãos acreditaram que era realmente um vendedor, mas resolveram esperar mais um pouco.


O lobo disfarçado bateu novamente na porta e perguntou:


__ Frutas fresquinhas, quem vai querer? Os porquinhos responderam:


__ Não, obrigado. O lobo insistiu: Tome peguem três sem pagar nada, é um presente.


__ Muito obrigado, mas não queremos, temos muitas frutas aqui. O lobo furioso se revelou:


__ Abram logo, poupo um de vocês!


Os porquinhos nada responderam e ficaram aliviados por não terem caído na mentira do falso vendedor. De repente ouviram um barulho no teto.


O lobo havia encostado uma escada e estava subindo no telhado. Imediatamente o porquinho mais velho aumentou o fogo da lareira, na qual cozinhavam uma sopa de legumes. O lobo se jogou dentro da chaminé, na intenção de surpreender os porquinho entrando pela lareira.


Foi quando ele caiu bem dentro do caldeirão de sopa fervendo.


__ AUUUUUUU!- Uivou o lobo de dor, saiu correndo em disparada em direção à porta e nunca mais foi visto por aquelas terras.


Os três porquinhos, pois, decidiram morar juntos daquele dia em diante. Os mais novos concordaram que precisavam trabalhar além de descansar e brincar. Pouco tempo depois, a mãe dos porquinhos não agüentando as saudades, foi morar com os filhos.


Todos viveram felizes e em harmonia na linda casinha de tijolos.

domingo, 23 de novembro de 2008

A Galinha Ruiva

Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto prá colher e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.
Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?
- Eu não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu não disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.

domingo, 16 de novembro de 2008

A Polegarzinha

uma mulher que queria ter um filho muito pequenino, mas não sabia como havia de fazer para encontrar um. Então, foi ter com uma velha bruxa e disse-lhe:
— Gostava tanto de ter um filho pequenino! Não sabes dizer-me onde posso arranjar um?
— Oh, isso não é difícil — disse a bruxa. — Aqui tens um grão de cevada, e olha que não é da que cresce nos campos dos lavradores nem daquela que as galinhas comem. Planta este grão num vaso e verás o que acontece!
— Oh, obrigada! — disse a mulher, dando uma moeda de prata à bruxa.
Depois foi para casa e semeou o grão. Não foi preciso esperar muito tempo para que nascesse uma bela flor; parecia uma túlipa, mas as pétalas estavam muito fechadas como se fosse ainda um botão.
— Que linda flor! — disse a mulher, dando um beijo nas pétalas vermelhas e amarelas.
Nesse preciso momento, a flor abriu-se com um forte estalido. Era realmente uma túlipa — agora via-se bem —, mas mesmo no centro da flor, no centro verde, estava sentada uma menina minúscula, graciosa e delicada como uma fada. Não era maior que metade de um polegar, e por isso ficou a chamar-se Polegarzinha.
A cama em que dormia era uma casca de noz muito bem polida; tinha um colchão de pétalas de violeta azuis-escuras e o seu cobertor era uma pétala de rosa. Dormia ali à noite, mas durante o dia brincava em cima da mesa, onde a mulher tinha posto um prato de sopa cheio de água com um círculo de flores à volta, com os caules virados para o meio. Dentro do prato, a flutuar, estava uma grande pétala de túlipa em que a Polegarzinha se podia sentar e remar de um lado para o outro usando dois pêlos brancos de cavalo como remos. Era lindo de se ver! Ela também sabia cantar, e tinha a vozinha mais frágil e mais doce que jamais se ouviu.
Uma noite, quando estava deitada na sua linda cama, um sapo entrou no quarto através de um vidro partido da janela. O sapo parecia muito grande e estava molhado quando saltou para cima da mesa onde a Polegarzinha dormia profundamente debaixo da sua pétala de rosa.
— Ora aqui está uma bela esposa para o meu filho! — disse o sapo.
E pegou na cama de casca de noz em que a Polegarzinha estava a dormir e saltou com ela através da janela para o jardim. No fim do jardim corria um largo regato, de margens pantanosas e lamacentas; era aí que o sapo vivia com o seu filho.
Este não era nada bonito; na realidade, era igualzinho ao pai.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo quanto disse quando viu a linda menina na casca de noz.
— Não fales tão alto, se não ela acorda — disse-lhe o pai. — Olha que pode fugir, porque é leve como uma pena de cisne. Já sei, vamos pô-la no meio do rio, em cima de uma daquelas grandes folhas de nenúfar! Assim, ela vai pensar que está numa ilha, porque é uma criaturinha minúscula. Entretanto, nós podemos começar a preparar o melhor quarto debaixo da lama, para vocês os dois lá viverem.
No regato, havia muitos nenúfares com grandes folhas verdes que pareciam flutuar soltas na água. A folha que estava mais longe era também a maior de todas, e foi nela que o velho sapo poisou a casca de noz com a Polegarzinha. A pobre menina acordou muito cedo e, quando viu onde estava, começou a chorar amargamente, porque havia água a toda a volta da grande folha e era impossível voltar para terra.
Entretanto, o velho sapo andava metido na lama, decorando atarefadamente o quarto com juncos e flores aquáticas amarelas, para ficar bonito e alegre para a sua futura nora. Depois, acompanhado pelo filho, nadou até à folha onde estava a Polegarzinha. Iam buscar a linda cama de casca de noz para a colocarem no quarto antes de a noivazinha ir para lá. O velho sapo, ainda dentro de água, fez uma profunda vénia e disse à Polegarzinha:
— Este é o meu filho. Vai ser o teu marido, e vocês os dois vão viver muito felizes numa bela casa debaixo da lama.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo o que o filho disse.
Então, pegaram na bonita caminha e lá foram a nadar com ela, enquanto a Polegarzinha ficava sozinha na folha verde, a chorar, porque não lhe apetecia nada viver com o velho sapo nem casar com o filho dele. Ora os peixinhos que nadavam ali por baixo tinham visto o sapo e ouvido o que ele dissera, de maneira que deitaram as cabeças de fora para verem a menina. Mas, assim que o fizeram, viram como era bonita e ficaram cheios de pena por ela ter de ir viver na lama com o sapo. Não, isso não podia acontecer! Juntaram-se em redor do pé verde da folha em que ela estava e puseram-se a roê-lo sem parar.
Lá foi a folha, flutuando pelo regato, levando a Polegarzinha para longe, cada vez para mais longe, para onde o sapo não podia ir.
Quando ela passava, os passarinhos nas árvores cantavam "Que linda criaturinha!" assim que a viam. E a folha lá ia a deslizar, cada vez para mais longe - e foi assim que a Polegarzinha chegou a outro país.
Uma linda borboleta branca esvoaçava por cima dela e acabou por poisar na folha, porque tinha começado a gostar da menina. Como ela estava feliz agora! O sapo já não podia apanhá-la e era tudo maravilhoso à sua volta, para onde quer que olhasse. A água, onde o sol brilhava, parecia ouro a cintilar. A Polegarzinha tirou o seu cinto e deu uma ponta à borboleta amiga e atou a outra à folha. Agora é que ia mesmo depressa!
Nesse momento, um grande escaravelho apareceu a voar por cima dela. Assim que viu a menininha, agarrou-a num ápice pela cintura e voou com ela para o cimo de uma árvore. A folha verde continuou a flutuar rio abaixo com a borboleta.
Meu Deus!, como a Polegarzinha ficou assustada quando o escaravelho a levou para cima da árvore! E como teve pena da sua amiga, a borboleta branca! Mas o escaravelho não queria saber disso. Poisou na maior folha verde da árvore e largou-a aí. Deu-lhe pólen para comer e disse-lhe que ela era muito bonita, embora não tanto como um escaravelho.
Em breve, todos os outros escaravelhos que viviam na árvore foram visitá-la. Olhavam para ela, e as jovens escaravelhas encolhiam as antenas, dizendo: "Mas só tem duas pernas, este insecto miserável! Não tem antenas! Tem uma cintura tão fina! Parece mesmo humana! Que feia que é!", e por aí fora, apesar de a Polegarzinha ser realmente uma criatura linda.
O escaravelho que a tinha levado também era desta opinião, mas quando todas as escaravelhas disseram que ela era horrível, ele começou a pensar o mesmo e acabou por não querer saber dela; podia ir para onde quisesse. Várias escaravelhas pegaram nela e voaram até ao solo, deixando-a em cima de uma margarida. Lá ficou ela a chorar, por ser tão feia que os escaravelhos não a queriam — e, no entanto, era a criaturinha mais bonita que se podia imaginar, mais bela que a mais perfeita pétala de rosa.
Durante todo o Verão, a pobre Polegarzinha viveu completamente sozinha na grande floresta. Teceu uma cama com ervas e pendurou-a como se fosse uma rede por baixo de uma grande folha de azeda, para ficar abrigada da chuva. Para comer apanhava mel e pólen das flores e bebia as gotas de orvalho que encontrava todas as manhãs nas folhas. E assim passou o Verão e o Outono, mas depois chegou o Inverno, o longo e frio Inverno. Os passarinhos, que tão docemente tinham cantado, voavam agora para longe, as árvores perdiam as folhas, as flores murchavam. Depois, a grande folha de azeda que lhe fazia de telhado começou a enrolar-se e murchou, até que ficou apenas uma haste seca e amarela. A Polegarzinha tinha imenso frio, porque o seu vestido estava todo roto e ela era muito frágil e pequenina. Em breve morreria de frio. A neve começou a cair, e cada floco que caía sobre ela era tão pesado como uma pazada atirada a um de nós. Afinal, ela só tinha dois centímetros e meio de altura. Embrulhou-se numa folha murcha, mas não conseguiu aquecer-se, e tremia cada vez mais.
Por essa altura, já tinha alcançado a orla da floresta. Mesmo ao lado havia um grande campo de trigo, mas este tinha sido ceifado há muito tempo e só se via o restolho seco na terra gelada. Para ela, aquilo era o mesmo que uma floresta para atravessar e oh!, como ela tremia de frio! Finalmente, chegou à porta de um rato do campo, que vivia numa casinha por baixo do restolho. Era aconchegada e confortável, com um armazém cheio de trigo, uma cozinha quente e uma sala de jantar. A pobre Polegarzinha parou à porta da casa do rato como se fosse uma mendiga e pediu se ele lhe dava um bocadinho de um grão, porque já há dois dias que não comia nada.
— Pobrezinha! — disse o rato do campo, que tinha muito bom coração. — Vem para a cozinha, que está quente, e comes comigo.
Gostou tanto da companhia da Polegarzinha que acabou por lhe dizer:
— Podes ficar comigo durante o Inverno, mas tens de limpar e arrumar a casa e contar-me histórias. Gosto muito de histórias.
A Polegarzinha fez o que o velho rato do campo lhe disse; e o tempo foi passando agradavelmente.
— Em breve teremos uma visita — disse o rato do campo. — O meu vizinho vem visitar-me todas as semanas. A casa dele ainda é melhor do que a minha, com grandes e belos quartos, e ele usa um lindo casaco de veludo preto! Se conseguisses que ele casasse contigo, nunca mais te faltaria nada. Mas ele é quase cego, de maneira que tens de te preparar para lhe contar as melhores histórias que souberes.
A Polegarzinha não gostou muito da ideia. Não lhe apetecia nada casar com o vizinho rico; era um toupeiro, e veio fazer a sua visita com o casaco de veludo preto. O rato do campo lembrou à Polegarzinha como ele era rico e culto; disse-lhe que a casa dele era vinte vezes maior do que a sua.
Que ele sabia muitas, muitas coisas, embora não gostasse do sol e das lindas flores, porque nunca os tinha visto. A Polegarzinha teve de cantar para ele, e cantou Tive uma nogueirazinha e Joaninha voa, voa. O toupeiro apaixonou-se pela sua linda voz, mas não disse nada, porque era muito cauteloso.
Ele tinha escavado recentemente uma passagem muito longa, que ia da sua casa à do vizinho, e disse ao rato do campo e à Polegarzinha que podiam ir visitá-lo quando quisessem. Mas pediu-lhes que não tivessem medo da ave morta que estava na passagem. Contou-lhes que a ave não tinha qualquer marca nem ferida, não lhe faltavam penas, e o bico estava intacto; devia ter morrido há muito pouco tempo, com a chegada do Inverno, e, de alguma maneira, tinha caído na sua passagem subterrânea.
Então, o toupeiro agarrou num pedaço de madeira podre com a boca (porque a madeira podre brilha como fogo no escuro) e foi à frente para iluminar a longa passagem para os seus convidados. Depressa chegaram ao sítio onde estava a ave, e o toupeiro empurrou o tecto com o focinho largo, levantando a terra para fazer um buraco que deixou entrar a luz do dia. E lá estava uma andorinha, com as lindas asas encostadas ao corpo, as pernitas e a cabeça escondidas nas penas; a pobre ave de certeza que tinha morrido de frio. A Polegarzinha teve muita pena dela, porque amava todas as avezinhas, que tinham cantado e chilreado para ela de uma maneira tão encantadora durante todo o Verão. Mas o toupeiro empurrou a andorinha para o lado com as suas pernitas curtas e disse:
— Esta já não assobia mais! Que pouca sorte nascer ave! Felizmente que nenhum dos meus filhos será como elas. Uma ave não sabe fazer nada a não ser dizer tuit-tuit e depois morrer de fome no Inverno!
— Sim, lá nisso tens razão — disse o rato do campo. — Com todo o seu tuit-tuit, que é que elas fazem quando chega o Inverno? Morrem de fome e de frio. E, no entanto, toda a gente as acha muito importantes.
A Polegarzinha não disse uma palavra, mas, quando os outros recomeçaram a andar, baixou-se, afastou meigamente as penas da cabeça da andorinha e beijou-lhe os olhos fechados.
— Talvez esta seja a que cantou tão suavemente para mim durante o Verão — pensou. — Que felicidade me deu esta pobre avezinha da floresta!
Então, o toupeiro tapou o buraco que tinha feito para deixar entrar a luz do dia e acompanhou as visitas a casa. Mas nessa noite a Polegarzinha não conseguia dormir, de maneira que levantou-se e teceu uma cobertazinha de feno. Quando acabou, foi pô-la em cima da ave. Ao lado, deixou um pouco de lanugem de cardo que tinha encontrado na sala de estar do rato do campo, para que a ave pudesse repousar quentinha sobre a terra fria.
— Adeus, linda andorinha! — disse ela. — Adeus e obrigada pelas tuas belas canções no Verão, quando as árvores estavam verdes e o Sol brilhava tão alegremente sobre nós todos!
Depois encostou a cabeça ao coração da andorinha — mas ficou logo muito espantada, porque parecia que alguma coisa batia lá dentro. Era o coração da andorinha a bater. Não estava morta, apenas entorpecida pelo frio, e, como tinha sido aquecida, começava a voltar a si.
No Outono, as andorinhas voam todas para terras mais quentes, mas, se uma delas se atrasa, o frio pode fazê-la gelar; então cai no chão e depressa fica coberta de neve.
A Polegarzinha tremia, assustada; a ave era muito maior do que ela, que só tinha dois centímetros e meio de altura. Mas encheu-se de coragem e aconchegou a lanugem de cardo ao corpo da pobre andorinha. Depois, foi a correr buscar a sua coberta, uma folha de hortelã, para lhe tapar a cabeça.
Na noite seguinte, esgueirou-se outra vez para visitar a andorinha — ela estava realmente viva, mas tão fraca que mal pôde abrir os olhos para olhar para a Polegarzinha. Ali estava ela, com um pedacinho de madeira podre na mão, porque não tinha outra lanterna.
— Obrigada, obrigada, linda menina — disse a andorinha doente. — Aqueceste-me tão bem que depressa estarei suficientemente forte para voar ao sol brilhante.
— Oh! — exclamou a Polegarzinha —, ainda está muito frio lá fora! Há neve e gelo por todo o lado. Fica aí na tua caminha quente que eu trato de ti.
Depois levou-lhe água numa folha, e a andorinha bebeu e contou-lhe como tinha magoado uma asa numas silvas e, por isso, não tinha conseguido voar tão depressa como as outras andorinhas quando partiram para terras mais quentes. Por fim, acabara por cair, e não se lembrava de mais nada. Não fazia a menor ideia de como tinha ido parar ali.
Durante todo o Inverno, a andorinha ficou na passagem subterrânea. A Polegarzinha tratou dela e tornou-se muito sua amiga. Mas não disse nada ao toupeiro nem ao rato do campo, porque eles não gostavam de avezinhas. Por fim, chegou a Primavera e os raios de Sol começaram a atravessar a terra. A andorinha disse adeus à Polegarzinha e reabriu o buraco que o toupeiro tinha feito no tecto da passagem. A luz do Sol encheu ambas de alegria, e a andorinha pediu à Polegarzinha que fosse com ela; podia subir para as suas costas e voariam para a floresta cheia de verdura. Mas a Polegarzinha sabia que o velho rato do campo ficaria triste se ela se fosse embora assim sem mais nem menos.
— Não, não posso ir — disse ela.
— Então adeus, adeus, linda menina bondosa! — respondeu a andorinha, voando em direcção ao Sol.
A Polegarzinha viu-a subir no céu, e os seus olhos encheram-se de lágrimas, porque se tinha tornado muito amiga da pobre andorinha.
— Tuit, tuit! — cantou a avezinha, voando em direcção à floresta verde.
A Polegarzinha estava agora muito triste. Não a deixavam sair para a claridade do Sol, e, nos campos onde vivia, o trigo era tão alto que, para ela, era como uma floresta que se erguia muito acima da sua cabeça.
— Tens de ter o teu enxoval pronto este Verão — disse o rato do campo, porque, entretanto, o vizinho toupeiro do casaco de veludo tinha proposto casamento à Polegarzinha. — Precisas de roupas de linho e lã e de muitos cobertores e lençóis quando fores casada com o toupeiro.
A Polegarzinha teve de trabalhar arduamente com a roca, e o toupeiro contratou quatro aranhas para tecerem para ela de dia e de noite. Todas as tardes lhe fazia uma vista e dizia sempre que, quando o Verão acabasse e o Sol não estivesse tão terrivelmente quente e deixasse de queimar a terra até a deixar dura com uma pedra, então casariam. Mas a Polegarzinha não estava nada satisfeita, porque não gostava daquele velho toupeiro tão pomposo. Todas as manhãs, quando o Sol se erguia, e todas as noites, quando se punha, ela esgueirava-se lá para fora; quando o vento fazia ondular as espigas de trigo, conseguia ver o céu azul e pensava sempre como era bom e belo viver ao ar livre. Desejava imenso ver de novo a sua amiga andorinha, mas ela não voltou a aparecer; tinha voado para o bosque verde coberto de folhas.
Quando o Outono chegou, o enxoval da Polegarzinha estava pronto.
— Casas daqui a quatro semanas — disse o rato do campo.
Mas a Polegarzinha começou a chorar e disse que não queria casar com o toupeiro.
— Que disparate! — respondeu o rato do campo. — Não te ponhas com problemas. Arranjaste um marido esplêndido, pois nem a rainha tem um casaco de veludo preto tão bom como o dele! E pensa naquela cozinha e cave tão bem fornecidas! Deves agradecer a tua boa sorte.
E, assim, chegou o dia do casamento. O toupeiro já tinha ido buscar a Polegarzinha, pois ela ia viver com ele bem debaixo do solo; nunca mais poderia apanhar a luz radiante do Sol, porque o toupeiro não a suportava. Cheia de tristeza, foi dizer o último adeus ao Sol brilhante; enquanto vivera com o rato do campo, sempre a tinham deixado ir pelo menos até à porta.
— Adeus, Sol brilhante! — disse ela, erguendo os braços em direcção a ele e dando alguns passos no campo imenso, pois o trigo tinha sido ceifado e só ficara o restolho. — Adeus, adeus — disse ela outra vez, abraçando uma florzinha vermelha que crescia por entre os caules. — Se alguma vez tornares a ver a andorinha, diz-lhe que lhe mando saudades!
Nesse preciso momento ouviu um som — tuit, tuit — mesmo por cima de si. Era a andorinha.
Como estava, contente por ver a sua amiga Polegarzinha! Então esta contou-lhe que tinha de casar nesse mesmo dia com o toupeiro e ir viver com ele debaixo da terra, onde o Sol nunca brilhava. E as lágrimas saltaram-lhe dos olhos só de pensar nisso.
— Vem aí o frio Inverno — disse a andorinha. — Vou voar para longe, para os países quentes. Por que não vens comigo? Podes subir para as minhas costas e atares-te a mim com o teu cinto. Deixamos o toupeiro e a sua casa escura e voamos para muito, muito longe, por cima das montanhas, para um país onde o Sol brilha ainda mais do que aqui, onde é sempre Verão e onde as matas e as florestas estão cobertas das mais belas flores. Ah, vem comigo, querida Polegarzinha, tu que me salvaste a vida quando eu estava gelada na escura passagem debaixo da terra!
— Sim, vou contigo — acabou por dizer a Polegarzinha.
Sentou-se nas costas da ave e atou o cinto a uma das suas penas mais fortes. Então, a andorinha ergueu-se muito alto no céu e voou por cima de florestas, lagos e montanhas onde há sempre neve. O ar gelado fazia a Polegarzinha tremer, mas ela enfiava-se debaixo das penas quentes da ave e só espreitava para olhar, assombrada, para as belas coisas lá em baixo.
Por fim, chegaram aos países quentes. Aí, o Sol brilhava com muito mais intensidade do que a Polegarzinha supunha ser possível; o céu parecia duas vezes mais alto. Ao longo das estradas, havia deliciosas uvas brancas e roxas; limões e laranjas pendiam das árvores; o ar estava perfumado de mirto e de muitas outras plantas aromáticas; e, pelos caminhos, corriam muitas crianças lindas, a brincar por entre coloridas borboletas. Mas a andorinha voou ainda para mais longe, para onde a paisagem era também ainda mais bonita. E então, à sombra de enormes árvores verdes, na margem de um lago azul-safira, viram um palácio muito antigo construído em mármore branco, com videiras enroladas nas suas altas colunas. Mesmo no cimo das colunas havia muitos ninhos de andorinhas, e num deles vivia a amiga da Polegarzinha.
— A minha casa é esta — disse ela. — Mas, se quiseres escolher uma daquelas lindas flores ali em baixo, eu ponho-te lá, e podes viver feliz à tua vontade.
— Ah, como vou gostar! — gritou a Polegarzinha, batendo as mãozinhas.
Uma grande coluna branca estava caída por terra, partida em três bocados, e entre eles cresciam altas e belas flores brancas. A andorinha voou até lá abaixo com a Polegarzinha e poisou-a numa pétala. Então, a Polegarzinha teve uma grande surpresa. Ali, no centro da flor, estava um principezinho, tão belo e delicado que parecia feito de vidro. Tinha na cabeça a coroa de ouro mais bonita que pode imaginar-se e nos ombros um par de asas coloridas e brilhantes, e não era maior do que a própria Polegarzinha. Era o espírito que guardava a flor. Em cada flor havia uma criaturinha igual, mas ele era o rei de todas.
— Que bonito que ele é! — sussurrou a Polegarzinha à andorinha.
O principezinho ao princípio ficou muito assustado com a ave, que lhe parecia gigantesca, mas quando viu a Polegarzinha ficou cheio de alegria. Achou que ela era a mais bela de todas as criaturas que jamais tinha visto, mesmo entre as fadas das flores. Tirou a coroa de ouro da sua cabeça e colocou-a na dela e perguntou-lhe como se chamava e se queria ser sua mulher e rainha de todas as flores.
Bem, este marido podia ela amar de verdade — era muito diferente do filho do sapo ou do velho toupeiro com o seu casaco de veludo. E por isso disse que sim ao belo príncipe. Então, ergueu-se de cada flor uma criaturinha, rapaz ou rapariga, homem ou mulher, tão pequeninas e tão bonitas que era emocionante vê-las. Todas deram uma prenda à Polegarzinha, mas a melhor de todas foi um lindo par de asas. Prenderam-nas aos ombros da Polegarzinha, e agora também ela podia voar de flor em flor. Toda a gente estava cheia de alegria: era como uma maravilhosa festa de Verão. A andorinha, lá em cima no seu ninho, cantou-lhes a canção mais bonita que sabia, mas no fundo estava triste, porque gostava tanto da Polegarzinha que não queria separar-se dela.
— Nunca mais te chamarás Polegarzinha — declarou o príncipe das flores. — Não é um nome suficientemente bonito para uma criatura tão bela como tu. A partir de agora, vamos chamar-te Maia!
— Adeus, adeus — disse a andorinha, quando chegou a altura de voar de novo dos países quentes para a Dinamarca.
Aí, ela tinha um pequeno ninho ao lado da janela do homem que escreve contos de fadas.
— Ouve, ouve — trinou a andorinha para o escritor de contos de fadas...
E foi assim que soubemos esta história.

sábado, 15 de novembro de 2008

O Coelho Esperto

Era uma vez, num país muito distante do nosso, onde um dia, sem ninguém saber porquê, deixou de chover. Do céu não caía nem gota de água. Aos poucos, os rios, as ribeiras, os riachos, os poços e as fontes foram secando. Só numa clareira da floresta, e, sem ninguém também saber porquê, havia uma grande poça de água, que se mantinha sempre cheia.
Aos poucos, todos os animais daquela floresta, começaram a mudar a sua casa para perto da poça. No meio de todos, veio uma raposa espertalhona e um coelho rechonchudinho. A raposa pensou logo:
-Ui, que rico almoço! E nem preciso me cansar. É só ficar aqui toda refastelada junto da água, que ele vem ter comigo.
E assim fez. Montou guarda junto à poça, impedindo o coelho de beber água.
Passado alguns dias, o nosso amigo coelhinho, já estava todo, todo sequinho. E pensava lá com ele:
«-Se não morro na boca da raposa, morro de sede! Tenho de arranjar uma solução.»
Pensou... pensou... (é que quando as cabeças pensam, inventam grandes coisas) e o coelhinho descobriu mesmo uma forma de enganar a raposa.
Foi junto de uma casinha de abelhas, uma colmeia, empurrou... empurrou... e a colmeia tombou. Lá de dentro começou a sair mel.
O coelhinho rebolou-se no mel e ficou todo pegajoso. Depois foi debaixo de uma árvore, que tinha muitas folhas caídas e rebolou-se nelas. Ficou completamente mascarado.
A raposa, sempre à espreita, viu chegar aquele bicho tão estranho e ficou intrigada:
-Que bicho tão esquisito! Será bom para comer?
-Hum! Não me parece. Tem tanta folha! Eu não gosto nada de folhas. Vou lá falar com ele.
- De onde vens? - perguntou ela.
-De muito longe.
-E lá onde moras há muitos bichos como tu?
-Há, há! - e continuou a beber.
O coelhinho, quando se apanhou com a barriga bem cheia, pensou:
«-Não sei quando conseguirei cá voltar, o melhor será tomar já um banho.»
Se mal o pensou, pior o fez. Entrou na água e começou a chapinhar mas esqueceu-se que as folhas na água ficavam moles e caíam. Foi o que aconteceu.
-Ah, seu malandro, pensavas que me enganavas? Espera que já te apanho!
Tic, tic, tic...corria o coelhinho. Tchoc, tchoc, tchoc... saltava a água na sua barriga.
Tac, tac, tac... a raposa furiosa, quase em cima dele.
Quando o coelhinho já se sentia molhado pela saliva da raposa, e ela o sabor a coelho, aparece na frente deles uma árvore velhota, com buracos no tronco. O coelho, muito rápido, entrou num buraco e subiu por dentro do tronco. A raposa ia tão convencida de que o apanhava, que nem reparou no tamanho do buraco. Enfiou-se por ali a dentro e ficou presa, não entrava nem saía.O nosso amiguinho, que espreitava encarrapitado no tronco, ao vê-la naquela situação, saltou para o chão, dirigiu-se à raposa que esperneava e deu-lhe uma valente dentada no rabo, enquanto dizia:
-Toma, bem feito, que é para me deixares em paz! A água na terra deve ser para todos.
A raposa só no outro dia, e depois de muito puxar, conseguiu sair mas estava toda arranhada. Ficou-lhe de lição e nunca mais correu atrás do coelhinho.

domingo, 9 de novembro de 2008

Gata Borralheira

"Havia quatro irmãs que viviam numa pequena casa. As três mais velhas usavam vestidos de seda e tinham rendas em todas as saias.
A mais moça, entretanto, andava esfarrapada e fazia todo o serviço da casa. Era, por isso, chamada Cinderela, a gata borralheira.
A mais velha era alta e magra, tinha nariz comprido e queixo pontudo.
A segunda era baixa e gorda, tinha nariz chato e era vesga.
A terceira era coxa e curvada para a frente. Além disso, era linguaruda.
Cinderela, com todos os remendos, era bonita e delicada. Tinha cabelos dourados e olhos azuis. A pele era macia e as faces estavam sempre coradas.
Certo dia, um arauto do rei apareceu na cidade, empunhando uma trombeta e anunciando:
- "Atenção, atenção!! Daqui a quinze dias, Sua Alteza Real, o Príncipe, completará vinte e um anos. Sua Majestade, o Rei, dará um grande baile para o qual estão convidadas todas as moças da cidade".
A notícia pôs a cidade em alvoroço. As modistas não tiveram mais descanso. Não ficou uma só peça de fita ou de renda na cidade. Só os tecidos de algodão sobraram nas lojas. Tafetás, cetins, brocados e galões dourados foram vendidos no primeiro dia. Costureiras e alfaiates costuravam até as agulhas furarem os dedais. Os sapateiros nem podiam mais dormir. Os cabelereiros cortavam, frisavam e penteavam noite e dia.
- Usarei um vestido solferino, disse a irmã mais velha.
- Eu irei de verde, informou a segunda.
- Meu vestido será amarelo, continuou a terceira.
- Irmãs, suplicou Cinderela, vocês tem tantos vestidos! Se me emprestassem um, eu poderia ir ao baile.
- Você ir ao baile? Onde já se viu uma coisa dessas? Disse a mais velha.
- Uma gata borralheira no palácio? Era só o que faltava! caçoou a segunda.
- Além de tudo, você é muito criança, concluiu a terceira.
Na noite do baile, as três irmãs apresentaram-se no palácio com vestidos caros, leques de gaze e plumas na cabeça.
Depois que elas saíram, Cinderela sentou-se à beira do fogão, com seu vestido remendado. As lágrimas corriam-lhe pelas faces.
De repente, ouviu um ruído semelhante a um bater de asas e uma sombra escura passou a seu lado. Olhou, assustada. À sua frente, apareceu uma mulher de preto, segurando uma varinha. Usava uma capa larga e um chapéu alto, como os palhaços.
- Por que está chorando? Perguntou a mulher.
- Quem é a senhora? Indagou a menina.
- Espere e logo saberá, respondeu a mulher.
Por baixo da aba do chapéu, seus olhos brilhavam como estrelas.
- Diga-me, porque está chorando? insistiu ela.
- Minhas irmãs foram ao baile do Rei e eu fiquei aqui sozinha. Só tenho este vestido, velho e remendado.
E, pondo as mãos no rosto, começou a soluçar.
- Se continuar aí sentada, chorando, não poderá mesmo ir ao baile. Levante-se, e faça tudo o que eu mandar.
- Há ratos nas ratoeiras? Perguntou a senhora.
Cinderela, muito admirada com a pergunta, respondeu:
- Há três no celeiro, três no sotão e dois camundongos na despensa.
- Apanhe as ratoeiras e leve-as para o jardim. Traga-me também a abóbora maior que encontrar na horta.
Cinderela fez exatamente o que ela mandou. Repentinamente, a senhora tocou nas ratoeiras e na abóbora com a varinha mágica e eis que elas se transformaram. Os ratos viraram seis soberbos cavalos pretos. Os camundongos viraram dois cocheiros elegantemente vestidos e a abóbora transformou-se numa linda carruagem dourada. Depois, tocou o vestido de Cinderela com a varinha, e imediatamente desapareceu aquele pobre vestidinho remendado, sendo substituido por um riquíssimo vestido de baile. Em seus pés apareceram lindos sapatinhos de cristais.
- Cinderela, disse a senhora. Vá e divirta-se, mas, preste atenção: quando o relógio der meia-noite, volte para casa sem demora. Se não o fizer, os cavalos voltarão a ser ratos, os cocheiros, camundongos, e a carruagem será novamente uma abóbora. Quanto ao seu lindo vestido, minha querida, voltará a ter remendos. Preste atenção ao relógio. Não se esqueça!!!
- Não me esquecerei, prometeu Cinderela, mas, quem é a senhora?
- Sou sua fada madrinha. Lembre-se bem de tudo o que lhe disse.
- Lembrar-me-ei, prometeu a mocinha.
Antes que Cinderela pudesse lhe agradecer, a senhora desapareceu, como por encanto. Quando a carruagem chegou ao palácio, os criados ficaram tão admirados, que os botões saltaram de seus coletes apertados. Com os olhos arregalados, acompanhavam a linda moça, qua saltou da carruagem.
Quando ela entrou no salão, o príncipe, que dançava com uma duquesa, foi imediatamente ao seu encontro e não dançou com mais ninguém.
A música era tão agradável e o príncipe tão encantador que, quando o relógio deu a primeira badalada da meia-noite, Cinderela não se apercebeu disso. Ao bater a segunda, porém, ela teve a impressão de ver a fada num canto do salão. Lembrando-se, então, de tudo, deu um grito abafado e saiu correndo. O príncipe, com grande espanto, viu-se sozinho no meio do salão. Procurou em vão pela linda princesa com quem havia dançado.
Cinderela fugiu pelos corredores do palácio e precipitou correndo pelas escadarias que levavam aos jardins justamente quando o relógio dava a última pancada da meia-noite. O príncipe veio correndo atrás dela, mas não conseguiu alcançá-la.
No fim das escadarias, encontrou apenas uma pobre moça, chorando na escuridão. Seis ratos pretos iam correndo à procura de queijo, e dois camundongos os seguiam. Uma abóbora grande rolava pela rampa das carruagens.
O príncipe olhou bem para todos os lados, mas não conseguiu ver a princesa. Muito triste, começou a subir os degraus.
De repente, seus olhos avistaram alguma coisa que brilhava como uma jóia. Ajoelhou-se e apanhou um sapatinho de cristal, tão pequeno que cabia na palma de sua mão. Guardou-o no bolso, com muito carinho, na esperança de, por meio dele, encontrar a princesa. O rapaz ficou tão desolado que não podia dormir nem comer.
O Rei enviou mensageiros para todos os lados do reino, à procura de uma moça, cujo pé fosse tão pequenino que coubesse naquele sapatinho.
No dia seguinte, Cinderela, novamente maltrapilha, pôs-se a fazer seu serviço. Seu pensamento, entretanto estava no príncipe. Suas irmãs estavam mais azedas do que nunca, e não falavam noutra coisa, senão na estranha princesa que estivera no baile.
- Onde já se viu coisa igual? O príncipe não dançou conosco. O tempo todo só deu atenção àquela estranha princesa. Dizem que ela é filha do imperador das Índias, disse uma das moças.
- Seu vestido era tecido com fio de diamantes, informou a segunda.
- Filha do imperador das Índias? perguntou Cinderela, curiosa.
- Trate de esfregar o chão. Que tem a ver você com a vida do príncipe? Vociferou a mais velha.
Durante muitos dias, os emissários do Rei viajaram pelo país. Visitaram cidades grandes e pequenas, aldeias e povoados. Em todas elas, as moças se alvoroçaram, ansiosas por casar com o príncipe.
Finalmente, os mensageiros chegaram ao pequeno quarteirão onde Cinderela vivia com as irmãs. Suas trombetas douradas brilhavam ao sol, anunciando: "Aquela que calçar o sapatinho, será a esposa do príncipe".
Moças de todos os tipos apresentaram-se, porém o sapatinho não servia em nenhuma. Afinal, chegaram à casa de Cinderela.
A irmã mais velha foi a primeira a aparecer, mas apenas seu dedo grande coube no sapato. A segunda experimentou, mas o calcanhar ficou do lado de fora. Veio a terceira, mas só a metade do pé entrou.
- Deixe-me experimentar, pediu Cinderela.
- Você, uma princesa! zombaram as irmãs. Rainha do borralho!!! Isso sim, caçoaram elas.
Enquanto elas riam, o chefe dos mensageiros ajoelhou-se à frente de Cinderela e calçou-lhe o sapatinho que coube perfeitamente em seu pé.
- A Senhora será a esposa do príncipe. Venha conosco, Sua Alteza.
Cinderela acompanhou-os ao palácio. Havia uma multidão na calçada para vê-la. Os homens estavam apenas curiosos, mas as moças choravam de inveja. O príncipe, quando a viu, não reparou nos remendos de seu vestido, nem nas manchas de cinza que trazia nas faces. Viu apenas aquele rostinho tão querido que ele ansiava tanto rever. Por ordem do Rei, foi anunciado que o casamento se realizaria no dia seguinte.
A festa durou dez dias e dez noites. As irmãs de Cinderela dançaram só com os empregados da estrebaria. Cinderela e o príncipe formaram o casal mais feliz do mundo. E o reino povoou-se de amor e alegria pela felicidade dos dois."

domingo, 26 de outubro de 2008

Lenda da Chuva



Há muitos anos atrás, os anjinhos resolveram fazer uma festa no céu.

Os convidados de honra seriam todas as crianças, que tratassem com respeito as pessoas idosas, e também os animais que fossem amigos do homem.

Na véspera da festa, o rebuliço era grande na casa dos anjinhos. Os mais novos, com escadinhas feitas de nuvens, davam um brilho nas estrelinhas empoeiradas. Séfaro, um anjo forte e alto, lavava com uma mangueira de borracha a casa redonda e prateada da Lua. Os outros usavam vassouras, escovas e muita água, para deixarem o chão do céu bem limpinho.

Mas sabe o que aconteceu? Jogaram tanta água, tanta água naquele salão, que milhares de gotinhas começaram a cair sobre a Terra... era a primeira vez que se podia ver a chuva.

E como a turma daqui debaixo gostou tanto da novidade, todas às vezes que há festa no céu e os anjinhos fazem a limpeza no chão, chove gostoso sobre a Terra.

Chuva na Terra é festa no céu.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Peter Pan

Todas as crianças crescem. Peter Pan não.

Ele mora na Terra do Nunca e junto com a fada Sininho foi visitar seus amigos:

Wendy, João e Miguel e Naná.

Peter levou-os para conhecer a Terra do Nunca. Com a mágica de sininho eles saíram voando.

Avistaram o barco pirata, a aldeia dos índios e a morada dos meninos perdidos.

O Capitão Gancho viu Peter Pan
e seus amigos voando e resolveu atacá-los.

Peter Pan salvou Wendy antes que ela caísse no chão. Os meninos perdidos moravam dentro de uma árvore oca.

Wendy contou lindas histórias. Ela gostou muito dos meninos.
Um dia o Capitão Gancho raptou a Princesa dos índios.

Mas Peter Pan apareceu para libertá-la. O Capitão Gancho fugiu e o crocodilo Tic-Tac quase o engoliu.

Mas ele escapou. Mas o Capitão Gancho não desistiu. Desta vez capturou os meninos perdidos.

Levou-os para o barco pirata, de lá eles seriam jogados no mar. Mas Peter Pan veio salvou seus amigos. Lutou com Gancho e o derrubou.

De volta ao lar, Wendy pediu que Peter Pan ficasse com eles.

Peter Pan disse não, ele preferiu a Terra do Nunca, assim ele nunca cresceria e poderia brincar com todas as crianças sempre.


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sítio do Picapau Amarelo


Dona Benta é a feliz proprietária do lindo sitio, chamado "Pica - Pau Amarelo"
Isso porque ali existe grande quantidade desse pássaro. Uma ave muito esperta e trabalhadeira. Constrói o seu ninho no pau, dando inúmeras bicadas, e no oco constrói sua morada.
O sitio é uma beleza. Situa-se em uma colina, na encosta de algumas montanhas. Um pequeno rio desce, sinuoso e de águas claras e piscosas.
Um pomar de laranjas e mangas, com algumas jaqueiras majestosas. Possui o sitio de Dona Benta um pequeno rebanho bovino com algumas vaquinhas leiteiras. Um cercado para porcos com umas três dezenas de cabeças.
A casinha singela com cinco cômodos e uma tulha de milho, onde são armazenados alguns cereais, colhidos no sitio. Tem também um galinheiro e uma pequena horta onde verduras frescas e legumes saborosos são colhidos para o preparo das refeições. No quintal está o porco gorducho chamado "marques de Rábico"
Mas vamos conhecer melhor Dona Benta e seus familiares. Dona Benta é uma senhora idosa, gordinha, risonha e inteligente. É sitiante a longos anos. Depois que ficou viuva não quis abandonar o lugar por gostar da vida na roça.
Tudo é tão bonito e tão viçoso.
Mas no sitio estão ainda os netos de D. Benta, Narizinho e Pedrinho que são irmãos. Uma boneca de pano, chamada Emília Na cozinha está tia Anastácia, uma crioula que faz os melhores quitutes que se possa imaginar. E os doces então...são uma gostosura. Doce de leite, pé de moleque, doce de abóbora, e cocadas, são algumas das suas especializações.
Os bolinhos de fubá com café que são servidos à tarde, enche o ar de um perfume que deixa a boca cheia de água. Além destes personagens citados, vamos encontrar o "Marques de Sabugosa" Um tipo feito de um sabugo de milho, com uma cartola na cabeça. Sabe tudo esse "Marques" É um enciclopédia ambulante.
No sitio pela imaginação dos proprietários, há de tudo. O marques de " Rábico" é um porquinho gorducho com manchas pelo corpo. Ainda há o "saci" que é chegado a família.
O sapo, o jabuti, os besouros as formigas, borboletas, pássaros etc. D. Benta, gosta de reunir as crianças para um serão onde são contadas estórias e, tratados assuntos de interesse geral. As orações são fervorosas, pois sabem que a família que ora unida permanece unida.
É nestas ocasiões que o Marquês de Sabugosa gosta de contar suas estórias.
Contou certa vez, em que estavam reunidos, o "Marques de Rábico" o sapo falante e o jabuti verde, algumas fábulas interessantes.
Uma dizia que: Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da Raposa, empoleirou-se numa árvore.
A Raposa desapontada, disse em voz alta: Amigo venho contar uma grande novidade: Acabou-se a guerra entre os animais. Lobos e cordeiros gavião e pinto, onça e veado, Raposa e galinhas, andam todos aos beijos e abraços, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e de amor.
Muito bem exclamou o galo. Não imagina como tal noticia me alegra. Que beleza vai ficar o mundo. Sem guerras, crueldades e traições. Vou já descer para abraçar a minha amiga Raposa, mas como lá vem vindo três cachorros, acho bom espera-los, para que eles também tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar de cachorros, dona Raposa não quis saber de estórias. E tratou de correr dizendo: infelizmente amigo Co co ri có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa sim? Até logo.
E pinicou.
Moral: contra esperteza, esperteza e meia.
Tia Anastácia também certa vez, quis reformar o mundo, porque achava defeito em tudo. Estava tudo errado dizia. A jaboticabeira enorme, sustenta frutos tão pequeninos e uma colossal abóbora presa a um caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse o contrário?
Se eu organizasse as coisas, trocaria as bolas, passando as jabuticabas para as aboboreiras e as abóboras para as jaboticabeiras. Não tenho razão? Mas o melhor é tirar uma soneca à sombra destas árvores não acha?
Dormiu e sonhou que o mundo estava reformado.
Que beleza.
De repente, no melhor da festa PLAFT! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta o nariz. Tia Anastácia desperta de um pulo, pensa um pouco e pensa que o mundo não é tão mal feito assim. E segue refletindo: Que espiga....Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria sido eu? Eu Anastácia, morta pela abóbora por mim posta no lugar da jabuticaba.
Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está, que está tudo muito bem. E não pensarei mais em corrigir a natureza.
Estava chegando o mês de junho que é justamente a metade do ano, neste mês comemora-se os festejos chamados juninos. D. Benta explicou que nesta ocasião, o trabalhador da roça, faz uma pausa para descansar das lides da Terra. Aproveita os dias em que são comemorados Santo Antônio, São João e São Pedro. Promove uma festa chamada "caipira" ou festa junina (por causa do mês de junho).
Agradecem a Deus pela fartura das colheitas, rezam e festejam.
Na cozinha começam os preparativos. Tia Anastácia, faz bolo de fubá. Docinhos que deixa ficar ao sol para secar. Pão doce, cocadas, pé de moleque, canjica e outros. Faz também o famoso "quentão" que é álcool de cana, com gengibre e açúcar queimado.
Precisa ter cuidado diz D. Benta á vovó, para não beber muito quentão e ficar tonto. Estourar pipoca e fazer paçoca é com Narizinho e Pedrinho. Isso pode deixar por conta deles.
No quintal, armam a fogueira com muita lenha, para aquecer do frio do mês de Junho que é muito intenso.
O Céu é iluminado por infinidade de estrelas e a via Látea se faz bastante visível formando um corredor de estrelas bem juntas. Como é bonito o Céu nessa época! (via Látea, quer dizer, caminho de leite) D. Benta explicou que as estrelas, são Sóis, luminosos pela grande quantidade de energia acumulada em seus núcleos. A luminosidade da via Látea, é por haver centenas e centenas de estrelas. Inclusive o nosso sistema Solar se encontra em um ponto da via Látea.
O nosso Sol, com seus Planetas e satélites que até o momento, são em número de 9. Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão (não mais considerado planeta). O Sol está no centro do sistema.
Quantas brincadeiras, nessas noites. Arma-se uma barraca, onde ficam os doces e os salgados. O quintal é todo enfeitado com bandeiras multicores. Na fogueira, assamos batata doce e milho verde. Cozinha-se pinhões e as brincadeiras são inúmeras. Pular no saco, correr com ovo na colher, cabra sega e outras brincadeiras mais.
As brincadeiras de Roda são muito apreciadas. Quando a fogueira vai se extinguindo, esparrama-se as brasas e os mais valentes passam por cima descalços, sem queimar os pés.
Dizem que é milagre dos Santos. Foguetes por todo lado. Só que bombas, Vovó não gosta, pois além do barulho, são perigosas. Rojões são vistos, rasgando o Céu a todo momento.
Os balões, são proibidos, devido ao perigo que causam as plantações e as casas dos colonos nas fazendas.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Dona Baratinha


Era uma vez uma linda Baratinha.

Gostava de tudo muito limpo e arrumado.

Um belo dia, Dona Baratinha varria o jardim de sua casa quando encontrou uma moedinha. Ficou muito feliz!

Rapidamente, tomou um banho, colocou um vestidinho bem bonito, uma fita no cabelo e ficou na janela da sala de sua casa cantando assim:

"Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"


Logo, logo começaram a chegar os pretendentes. O primeiro que passou foi o Senhor Boi, muito bem vestido. Dona Baratinha perguntou então para ele:

- Que barulho o senhor faz quando dorme?
E ele respondeu:

- Quando eu durmo, o meu ronco é assim:
- MUUUUU...........

- Saia já daqui! O Senhor me assusta com todo esse barulho!

Dona Baratinha voltou para sua janela, cantando a mesma canção.

"Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"


Um tempo depois passou um jumento todo arrumadinho e falante, dizendo:

- Eu serei o marido ideal para a Senhora.

Quando o senhor dorme, como é o barulho que o senhor faz?

- Eu faço assim:

- Ióh..Ioh...Ióh...Ióhooooooo.........

Assustada Dona Baratinha mandou que ele saísse e nunca mais passasse por lá para assustá-la novamente.

Depois de algum tempo,já desanimada, Dona Baratinha recebeu uma visita inesperada.

Era o Senhor Ratão, muito falante e animado:

- Senhora Baratinha, estou muito apaixonado pela senhora e pretendo me casar logo, logo. A senhora aceita?
Mais uma vez,Dona Baratinha perguntou:

- "Como o senhor faz para dormir?"

Senhor Ratão disse:

- Eu sou muito discreto em tudo que faço. Até para dormir, meu ronquinho é muito baixinho e dificilmente eu ronco! É assim:

- iiiihhhhiiiiihhhhhh.......

- Que maravilha! disse Dona Baratinha! Esse barulho não me assusta, até parece uma suave melodia. Com você eu quero me casar e tenho certeza que seremos felizes para sempre!!!!
Logo foram marcando a data do casamento e preparando a festa.

Dona Baratinha pediu para suas amigas Abelhas, Formigas e Borboletas prepararem uma gostosa feijoada, sucos de diferentes frutas e muitos doces!

No dia marcado, a noiva já estava esperando na igreja toda preocupada, porque todos os convidados estavam lá também, só faltava o querido noivo. Corre daqui, pergunta dali e nada! Ninguém sabia do paradeiro do distinto cavalheiro.O que será que tinha acontecido com ele? Todos se perguntavam....

Acontece que Senhor Ratão era muito guloso. Não resistiu esperar pela surpresa da festa que a noiva havia lhe preparado. Então, aproveitando que todos já estavam na igreja ele foi até a casa das amigas de sua noiva onde tudo estava prontinho e arrumadinho e foi investigar os comes e bebes.

Quando sentiu o cheirinho apetitoso da feijoada, resolveu subir na panela e experimentar um pouquinho.... Acontece que Senhor Ratão perdeu o equilíbrio e caiu na panela do feijão! Como não tinha ninguém em casa ele não se salvou, morreu afogado dentro da gostosa feijoada!!! uando soube do acontecido, Dona Baratinha triste ficou.



Voltou para sua casa e continuou a vidinha de sempre...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Vento e o Sol

O vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte. De repente, viram um viajante que vinha caminhando.
_ Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante tirar o casaco, será o mais forte.
_ Você começa, propôs o sol, retirando-se para trás de uma nuvem.
Então, o Vento começou a soprar, e a soprar... e a bufar!!!... Ufffff!!!!!! Fuuuuuuu!!!!! E o caminhante começou a encolher-se, aferrando-se a seu casaco. Quanto mais o Vento soprava, levantando o casaco do caminhante, mais ele se agarrava e se tapava, evitando que voasse seu precioso casaco.
Tanto o Vento soprou, e areia atirou nos olhos do caminhante, que ele cada vez mais se enrolava no casaco, impedindo que o Vento arrancasse-o do seu corpo.
Finalmente o Vento deu-se por vencido e disse ao Sol:
_ Agora é a sua vez...
O sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o homem, que logo setiu calor e despiu o casaco.

Esopo


sábado, 23 de agosto de 2008

O Cavalo e seu Tratador

Um zeloso Cavalariço (empregado de uma cocheira), costumava passar dias inteiros limpando e escovando um cavalo que estava sob seus cuidados, no entanto, ao mesmo tempo, roubava os grãos de aveia da alimentação do pobre animal e os vendia para obter lucro.

_ Que pena, - disse o cavalo - se o senhor de fato desejasse me ver em boas condições, me acariciava menos e me alimentava mais.
Autor: Esopo


Moral da História: Devemos desconfiar daqueles que vivem pregando e promovendo sua própria austeridade.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O Jacarezinho Egoísta

Era ma vez... uma lagoa muito bonita. Com bastante água límpida. Ali morava um jacarezinho valente e muito orgulhoso. Vivia muito feliz, nadava naquelas águas claras passando horas refrescando-se. Só que ele era muito egoísta Quando estava na lagoa, ninguém mais lá podia ir, pois o valentão tomava conta de tudo. E assim foi até certo dia, quando não havia água lá na casa de dona Pata. Dona Pata estava triste, pois os três patinhos mais bonitos da cidade não podiam tomar banho e o pior é que eles tinham que ir a festa dos pintinhos amarelos.
A mamãe, mandou os patinhos à lagoa para se banharem.
Lá se foram eles com seus passos miúdos cantando contentes. Mas, oh! tristeza!.. lá na lagoa estava o jacarezinho todo valente gritando:
_Que vieram fazer aqui seus malandros?
_Viemos tomar banho, responderam delicadamente os patinhos.
E nesta bonita lagoa é que vocês querem tomar banho? Aqui não é lugar para banhos, seus atrevidos! Disse irritado o jacarezinho. Continuem sujos. Para que Patos querem ficar limpos?
_Mas nós vamos à festa dos Pintinhos, e sujos não podemos dançar e nem brincar, insistiram os Patinhos. Não e não, esta lagoa é minha e ninguém pode aqui entrar.
Os Patinhos assustados, correram logo para casa. Dona Pata, diante disso, ficou indignada, enchendo-se de coragem foi ver se com boas maneiras, conseguiria convencer o jacarezinho a deixar os seus filhinhos, tomarem banho na lagoa. Por favor senhor jacaré, meus filhos precisam tomar banho.
_Eles que tomem banho em casa. Ora essa. Por acaso, aqui é banheiro? Retrucou ele com maus modos.
Meu amigo, escute por favor: Lá em casa não há água. E os Patinhos precisam ficar bem limpos hoje. Porque? Para que Pato precisa ficar limpo? Rosnou o valentão. Dona Pata já estava perdendo a paciência, mas continuou bem educada e disse: Os Patinhos trarão doces para o senhor. Qual é o doce que prefere? Continuou dona Pata ainda com paciência.
Eu não gosto de doce nenhum! Eu não quero nada. Só quero sossego. Não preciso de doces de ninguém. Está ouvindo? Já disse e repito, esta lagoa é só minha e quero que todo mundo saiba disso, ouviu dona Pata? Dona Pata perdeu então a paciência e até se esqueceu de que era bem educada e boazinha. Muito zangada, disse ao jacarezinho egoista:

_Deixe estar, esta lagoa um dia vai secar, escute bem, esta lagoa um dia vai secar... E foi-se embora muito triste por precisar falar estas coisas tão ruins ao Jacarezinho. Este se acomodou na lagoa e lá ficou para tirar uma soneca. O sol estava quente
O calor dava moleza, mas a água estava gostosa. Acontece porém, que lá no alto, lá no céu, mais alto do que voam os passarinhos e passam os aviões barulhentos, está o Papai do Céu. Ele viu e ouviu tudo. Ficou com muita pena dos Patinhos e muito triste com o jacarezinho. Onde já se viu? A lagoa é de todo mundo. O jacarezinho, precisava saber disso. Não é bonito ser assim egoísta. Ele devia ser bom e gostar de todo mundo. Então o Pai do Céu, conversou com o Sol, que já vinha de muito tempo, aborrecido com o danado jacaré. Este aqueceu tanto a água da lagoa que ela se foi evaporando, evaporando.... e a lagoa, ficou sem uma gota de água, seca, seca...
Quando o jacarezinho viu, estava todo cheio de barro. Será que estou sonhando? Disse desapontado. Ah! já sei. Dona Pata, disse que a lagoa iria secar.
E secou mesmo. Que infelicidade, meu Deus! Também fui muito egoísta. Perdão, perdão, Papai do Céu, dizia tão aflito que fazia dó. Ele chorou tanto e ficou tão arrependido que o Papai do Céu ficou com pena dele.
Agora eu sei o quanto é ruim a gente ficar sujo e não ter água para o banho. Perdão, perdão Papai do Céu.
Logo depois começou a chover forte e bastante. Choveu tanto que a lagoa ficou novamente cheia de água límpida e gostosa. O jacarezinho todo feliz porque afinal o Papai do Céu o havia perdoado, foi correndo buscar os Patinhos para nadarem. E ainda deu tempo para tomarem bons banhos. E os três Patinhos, muito bonzinhos, trouxeram uma porção de doces gostosos para o jacarezinho que não era mais egoísta.
E nunca mais a lagoa secou, e o jacarezinho continuou sempre bom.

sábado, 9 de agosto de 2008

Fábula: A Carpa

Fábula Chinesa
Havia, certa vez, um filósofo muito pobre e naqueles dias todo o seu dinheiro tinha acabado. Procurou, então, seu amigo marquês para pedir-lhe emprestados alguns víveres.
- Muito bem, disse-lhe o marquês, em breve terei o dinheiro dos impostos e então poderei emprestar-lhe trezentas moedas de ouro. De acordo!?
O filósofo, diante da atitude do amigo, contou-lhe esta história:
-Quando, ontem, me dirigia para cá, ouvi, no meio do caminho uma voz que me chamava e, olhando em volta deparei-me com uma carpa caída no meio da estrada. Perguntei-lhe o que fazia ali e ela me respondeu que vinha de um lago ao Norte, e que precisava urgentemente de um balde d'água para salvar sua vida.
-Muito bem, disse-lhe eu, em breve irei ao Sul visitar alguns amigos e não me esquecerei de trazer-lhe um pouco da água de um grande rio que há por lá. De acordo!?
A carpa, indignada, me disse:
-Então, eu aqui, precisando de apenas um balde d'água para me salvar e tu me vens com promessas vãs!!!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fábula: O Camelo, o Elefante e o Macaco

Votavam os animais para eleger um rei.
O camelo e o elefante se puseram a disputar os votos, já que esperavam ser preferidos por causa de seu tamanho e sua força. Porém chegou o macaco e os declarou incapazes de reinar:


_O camelo não serve - disse - porque não se encoleriza contra os bandidos e o elefante tampouco nos serve porque teremos de temer o ataque do marrano (porco), animal a quem teme o elefante.

Esopo

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Vaquinha

Um Mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita ...
Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando ao sítio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeiras, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas ...
Então se aproximou do senhor aparentemente o pai daquela família e perguntou:
_ Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho, então como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
_ Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nós produzimos queijo, coalhada, etc ... para o nosso consumo, e assim vamos sobrevivendo.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora.
No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
_ Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo.
O jovem arregalou os olhos espantando e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.
Assim, empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo àquela família, pedir perdão e ajudá-los.
Assim fez, e quando se aproximava do local avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim.
Ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sítio para sobreviver, "apertou" o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
_ Continuam morando aqui.
Espantado ele entrou correndo na casa, e viu que era mesmo a família que visitara com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
_ Como o senhor melhorou este sítio e está tão bem de vida ???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
_ Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, daí em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora ...

Ponto de reflexão:
Todos nós temos uma vaquinha que nos dá alguma coisa básica para sobrevivência e uma conveniência com a rotina. Descubra qual, a sua ...
Aproveite o dia de hoje para empurrar sua "vaquinha" morro abaixo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Poesia: Leilão de Jardim

Cecília, a Meireles fez um leilão...

LEILÃO DE JARDIM

Quem me compra um jardim com flores?

Borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos?

Ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?

(Este é meu leilão)

Cecília Meireles

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Fábula: O Cavalinho e a Borboleta

Esta é a história de duas criaturas de Deus que viviam numa floresta distante há muitos anos atrás.
Na verdade, não tinham praticamente nada em comum, mas em certo momento de suas vidas se aproximaram e criaram um elo.
A borboleta era livre, voava por todos os cantos da floresta enfeitando a paisagem. Já o cavalinho tinha grandes limitações, não era bicho solto que pudesse viver entregue à natureza. Nele, certa vez, foi colocado um cabresto por alguém que visitou a floresta e a partir daí sua liberdade foi cerceada.
A borboleta, no entanto, embora tivesse a amizade de muitos outros animais e a liberdade de voar por toda a floresta, gostava de fazer companhia ao cavalinho, agradava-lhe ficar ao seu lado e não era por pena, era por companheirismo, afeição, dedicação e carinho.
Assim, todos os dias, ia visitá-lo e, lá chegando, levava sempre um coice, depois então um sorriso. Entre um e outro ela optava por esquecer o coice e guardar dentro do seu coração o sorriso.Sempre o cavalinho insistia com a borboleta que lhe ajudasse a carregar o seu cabresto por causa do seu enorme peso.
Ela, muito carinhosamente, tentava de todas as formas ajudá-lo, mas isso nem sempre era possível por ser ela uma criaturinha tão frágil.Os anos se passaram e numa manhã de verão a borboleta não apareceu para visitar o seu companheiro. Ele nem percebeu, preocupado que ainda estava em se livrar do cabresto.
E vieram outras manhãs e mais outras e milhares de outras, até que chegou o inverno e o cavalinho sentiu-se só, e finalmente percebeu a ausência da borboleta.
Resolveu então sair do seu canto e procurar por ela.Caminhou por toda a floresta a observar cada cantinho onde ela poderia ter se escondido e não a encontrou. Cansado se deitou embaixo de uma árvore.
Logo em seguida um elefante se aproximou e lhe perguntou quem era ele e o que fazia por ali.

- Eu sou o cavalinho do cabresto e estou à procura de uma borboleta que sumiu.
- Ah, é você então o famoso cavalinho?
- Famoso, eu?
- É que eu tive uma grande amiga que me disse que também era sua amiga e falava muito bem de você. Mas, afinal, qual borboleta que você está procurando?
- É uma borboleta colorida, alegre, que sobrevoa a floresta todos os dias visitando todos os animais amigos.
- Nossa, mas era justamente dela que eu estava falando. Não ficou sabendo? Ela morreu e já faz muito tempo.
- Morreu? Como foi isso?
- Dizem que ela conhecia aqui na floresta um cavalinho, assim como você, e todos os dias quando ela ia visitá-lo ele dava-lhe um coice. Ela sempre voltava com marcas horríveis e todos perguntavam a ela quem havia feito aquilo, mas ela jamais contou a alguém.
Insistíamos muito para saber quem era o autor daquela malvadeza e ela respondia que só ia falar das visitas boas que tinha feito naquela manhã e era aí que ela falava com a maior alegria de você.Nesse momento o cavalinho já estava derramando muitas lágrimas de tristeza e de arrependimento.
- Não chore meu amigo, sei o quanto você deve estar sofrendo. Ela sempre me disse que você era um grande amigo, mas entenda, foram tantos os coices que ela recebeu desse outro cavalinho que acabou perdendo as asinhas, depois ficou muito doente, triste, sucumbiu e morreu.
- E ela não mandou me chamar nos seus últimos dias?
- Não, todos os animais da floresta quiseram lhe avisar, mas ela disse o seguinte:
"Não perturbem meu amigo com coisas pequenas; ele tem um grande problema que eu nunca pude ajudá-lo a resolver. Carrega no seu dorso um cabresto, então será cansativo demais pra ele vir até aqui".


Pontos de Reflexão:
Você pode até aceitar os coices que lhe derem quando eles vierem acompanhados de beijos, mas em algum momento da sua vida, as feridas que eles vão lhe causar não serão mais possíveis de serem cicatrizadas.

Quanto ao cabresto que você tiver que carregar durante a sua existência, não culpe ninguém por isso, afinal, muitas vezes foi você mesmo que o colocou no seu dorso.OU PERMITIU QUE FOSSE COLOCADO.

Espero que você possa aceitar as coisas como elas são…Sem pensar que tudo conspira contra você…Porque parte de nós é entendimento… a outra parte é aprendizado…

Que você possa ter forças para vencer todos os seus medos…Que no final possa alcançar todos os seus objetivos…Que tudo aquilo que você vê e escuta possa lhe trazer conhecimento….

nós somos o que vivemos, a outra parte é o que esperamos…

Que durante a sua vida você possa construir sentimentos verdadeiros….

Que você possa aceitar que só quem soube da sombra, pode saber da luz

Para ser feliz não existe poção mágica. É preciso somente que tenha a alma limpa e desprovida de mágoas e rancores.

Quanto mais tempo ficarmos remoendo as dores mais tempo levaremos para cicatrizar as feridas.
Estamos aqui de passagem. Nada trouxemos e nada levaremos.Cada um é livre para cumprir a sua missão…

Agradeço, Senhor, os verdadeiros amigos, mesmo imperfeitos e limitados!

Muitas vezes decepciono-me, esquecida(o) de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque são humanos

Agradeço, Senhor, pela sua compaixão, pela sua graça, pela sua bondade, que estão sempre presentes, sustentando-me nos momentos mais difíceis.

Agradeço, Senhor, pela pessoa que sou.E QUE MEUS AMIGOS(AS) PERDOEM-ME POR SER IMPERFEITO(A)

Que Assim Seja….