sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Fábula: O Cervo e o Leão

O Um cervo com sede foi atrás de uma fonte. Ao se abeberar, viu seu reflexo na água. Ao mesmo tempo que tinha orgulho dos chifres que se esgalhavam, mortificava-se com as pernas finas e frágeis. Ao ver surgir um leão, parou de pensar.
A perseguição começou.
O cervo levou vantagem por se distanciar muito do leão, pois a força dos cervos está nas pernas e a dos leões no coração.
Enquanto estava em campo aberto, o cervo manteve uma distância salvadora.
Mas, ao entrar num bosque, os chifres se emaranharam nos galhos das árvores: interrompida a fuga, ele caiu nas garras do leão.
Quando estava morrendo, disse a si mesmo:
- Pobre de mim! Eu achava que minhas pernas me atrapalhavam e foram elas que me salvaram; acreditava em meus chifres e eles me traíram. Assim acontece muitas vezes, quando o perigo nos ronda. O amigo em quem não acreditávamos nos salva, e aquele com quem contávamos nos trai.
(Autor: Esopo)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Lenda do Ano Novo


A primeira comemoração, chamada de "Festival de ano-novo" ocorreu na Mesopotâmia por volta de 2.000 a. C. Na Babilônia, a festa começava na ocasião da lua nova indicando o equinócio da primavera, ou seja, um dos momentos em que o Sol se aproxima da linha do Equador onde os dias e noites tem a mesma duração.
No calendário atual, isto ocorre em meados de março (mais precisamente em 19 de março, data que os espiritualistas comemoram o ano-novo esotérico).
Os assírios, persas, fenícios e egípcios comemoravam o ano-novo no mês de setembro (dia 23). Já os gregos, celebravam o início de um novo ciclo entre os dias 21 ou 22 do mês de dezembro.
Os romanos foram os primeiros a estabelecerem um dia no calendário para a comemoração desta grande festa (753 a.C. - 476 d.C.) O ano começava em 1º de março, mas foi trocado em 153 a. C. para 1º de janeiro e mantido no calendário juliano, adotado em 46 a. C. Em 1582 a Igreja consolidou a comemoração, quando adotou o calendário gregoriano.
Alguns povos e países comemoram em datas diferentes. Ainda hoje, na China, a festa da passagem do ano começa em fins de janeiro ou princípio de fevereiro. Durante os festejos, os chineses realizam desfiles e shows pirotécnicos. No Japão, o ano-novo é comemorado do dia 1º de janeiro ao dia 3 de janeiro.
A comunidade judaica tem um calendário próprio e sua festa de ano-novo ou Rosh Hashaná, - "A festa das trombetas" -, dura dois dias do mês Tishrê, que ocorre em meados de setembro ao início de outubro do calendário gregoriano. Para os islâmicos, o ano-novo é celebrado em meados de maio, marcando um novo início. A contagem corresponde ao aniversário da Hégira (em árabe, emigração), cujo Ano Zero corresponde ao nosso ano de 622, pois nesta ocasião, o profeta Maomé, deixou a cidade de Meca estabelecendo-se em Medina.
Contagem decrescente os últimos minutos do dia 31 de Dezembro seja: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Feliz 2008!!!!!! A passagem de Ano Novo é o fim de um ciclo, início de outro. É um momento sempre cheio de promessas. E os rituais alimentam os nossos sonhos e dão vida às nossas celebrações. Na passagem de Ano Novo, não podemos deixar de aproveitar a oportunidade para enchermos o coração de esperança e começar tudo de novo. E para que a festa corra muito bem, há algumas tradições e rituais que não podemos esquecer...
- Fogos e barulho. No mundo inteiro o Ano Novo começa entre fogos de artifício, buzinadas, apitos e gritos de alegria. A tradição é muito antiga e, dizem, serve para espantar os maus espíritos. As pessoas reúnem-se para celebrar a festa com muitos abraços.- Roupa nova. Vestir uma peça de roupa que nunca tenha sido usada combina com o espírito de renovação do Ano Novo.
O costume é universal e aparece em várias versões, como trocar os lençóis da cama e usar uma roupa de baixo nova.
Por ser tratar de um país cristão, no Brasil costuma-se dar mais importância a Festa do Natal do que a de Ano Novo. Mas o primeiro dia do Ano Novo é considerado o dia da Paz...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Lendas e Contos de Natal

O Natal é a data mais importante do calendário cristão, quando é celebrado o nascimento do Menino Jesus. O Natal é a época do ano em que as pessoas ficam mais cheias de vida, amor, alegria, criando um clima festivo, de paz e fraternidade.
Mas quando falamos sobre Natal, podemos abrir um leque de histórias, contos e tradições, que até hoje são transmitidas de geração a geração.
Para que sua festa fique ainda mais bonita e alegre, vamos contar um pouco sobre as histórias que existem por trás de alguns símbolos e enfeites natalinos, e vamos expor o que eles representam para esta época de harmonia e paz entre amigos e familiares.

Papai Noel ou São Nicolau
Diz a lenda que São Nicolau era um homem muito rico e muito generoso. Conta-se que ele distribuía dinheiro aos pobres e presenteava as crianças que não tinham com o que se alegrar. Faleceu no dia 6 de dezembro, tornando este dia o Dia de São Nicolau. Esta data é muito lembrada e comemorada em alguns países do oriente, onde os pais ainda presenteiam seus filhos fazendo uma referência a São Nicolau. Por causa da proximidade de sua festa com a data do nascimento de Cristo, acabou-se transferindo lentamente a tradição de presentear as crianças para o dia 25 de dezembro. Os pais costumavam dizer que era São Nicolau quem trazia os presentes do céu. São Nicolau foi se tornando um símbolo natalino e o 1º Papai Noel reconhecido pelo mundo.
Sinos
Acredita-se que o som das badaladas dos sinos espantem todas as coisas ruins e atraiam boa sorte e alegria.

Guirlanda
Representa a presença do Menino Jesus na casa. Normalmente é colocada na porta de entrada dos lares, deixando visível que aquela casa esta protegida.
Árvore de Natal
Muitas histórias são contadas sobre a origem da árvore de Natal, mas tudo indica que sua origem é tipicamente alemã. Hoje, ela é um dos símbolos mais expressivos do Natal e as crianças aguardam ansiosas para ajudar os pais a enfeitá-la com flocos de algodão, fitas, luzes e bolas coloridas.
Segundo a lenda, a árvore é a representação de Jesus, que é o tronco, e nós somos os ramos. As bolas e as luzes coloridas representam os frutos por ela produzidos, indicando a nossa caridade e generosidade.
Canções de Natal
A mais popular das músicas da noite de Natal, “Noite Feliz”, foi criada pelo padre Joseph Franz Mohr e pelo professor Franz Xavier Grueber. A letra veio da inspiração do padre, em uma noite estrelada, que ficou imaginando como teria sido a noite em Belém, quando Jesus nasceu. Escreveu a letra em forma de poema, uniu a melodia presenteada pelo compositor Grueber e utilizou-a na Missa do Galo de 1818. Hoje, “Noite Feliz” é cantada em inúmeros idiomas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Lenda do Monte Roraima

Segundo os geógrafos, o Monte Roraima é uma formação da era pré-cambriana. Ele tem 2.875 metros de altitude.
Mas segundo o folclore, o Monte Roraima é muito mais do que isso.
Os índios Macuxi contam que antigamente, no local onde hoje existe o Monte Roraima, existiam apenas terras baixas e alagadiças, cheias de igapó.
As tribos que viviam naquela área não precisavam disputar comida, pois a caça e a pesca eram fartas.
Uma vez, nasceu um belo pé de bananeira. E a árvore era algo inédito na região.
A estranha planta cresceu muito rápido e deu belíssimos e apetitosos frutos.
Os pajés então avisaram que aquele vegetal era na verdade um ser sagrado e que como tal seus frutos eram proibidos para qualquer pessoa da tribo.
Os pajés avisaram ainda que caso alguém desobedecesse a regra e tentasse comer uma fruta daquelas, desgraças terríveis aconteceriam: a caça se tornaria rara, as frutas secariam e até a terra iria tomar um formato diferente. Era permitido comer de tudo, menos os frutos da bananeira sagrada.
Todos passaram a temer e a respeitar as ordens dos pajés. Mas houve um dia em que, ao amanhecer, todos correram para ver com espanto a primeira desgraça de muitas que ainda estavam por vir: um cacho da bananeira havia sido decepado.
Todos se perguntavam, mas ninguém sabia dizer quem poderia ter feito aquilo.
Antes que tivessem tempo para descobrir o culpado, a previsão dos mais velhos começou a acontecer. A terra começou a se mover e os céus tremiam em trovões. Todos os animais, da terra ou do céu, bateram em retirada.
Um dilúvio começou a despencar e um enorme monte começou a brotar rasgando aquelas alagadas terras. E foi assim que nasceu o Monte Roraima.
É por tudo isso que, até os dias de hoje, acredita-se que o monte Roraima chora quando de suas pedras caem pequenas gotas de água cristalina.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Lenda da Lua

A lenda indígena fala da origem da lua.
Manduka namorava sua irmã.
Todas as noites ia deitar com ela, mas não mostrava o rosto e nem falava, para não ser identificado.
A irmã, tentando descobrir quem era, passou tinta de jenipapo no rosto de Manduka.
Manduka lavou o rosto, porém a marca da tinta não saiu.
Então ela descobriu quem era.
Ficou com vergonha, muito brava e chorou muito.
Manduka também ficou com vergonha, pois todos passaram a saber o que ele havia feito.
Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu.
Depois desceu e foi dizer aos Juruna que ia voltar para a árvore e não desceria nunca mais.
Levou uma cutia pra não se sentir muito só.
Aí virou lua.
E é por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka.
No meio da lua costuma aparecer uma cutia comendo côco. É a outra mancha que a lua tem.

Lenda da Mula-sem-cabeça



É noite de quinta para sexta-feira. O viajante assustado se apressa para chegar ao seu destino. Ele sabe que é noite da Mula-sem-cabeça, bicho amaldioçado, que ataca a tudo e a todos.
Diz a lenda que as mulas-sem-cabeça são mulheres que mantêm casos amorosos com padres católicos, nas cidades do interior do Brasil, e como castigo recebem esta terrível sina.
A mula, que corre sete cidades quando se transforma, ataca sem piedade tudo o que vê pela frente. Ao final da corrida, já de madrugada, cansada e toda ferida, volta a ter sua antiga forma: de mulher.
O encanto só pode ser quebrado por quem lhe causar um ferimento que derrame sangue, mas é necessário que ambos, o homem e o bicho, lutem entre si.
A mula pode ser um animal negro, com uma cruz de cabelos brancos; pode soltar fogo pela cauda e pde carregar um freio ferozmente mastigado na boca espumante de sangue. Em todos os casos, porém, é castigo de amante de padre.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Lenda do Curupira



O curupira é um ser fantástico, que segundo a crença popular, habita em florestas, sua função é a de proteger as plantas e os animais, além de punir quem os agredir.

O curupira é descrito como um menino de estatura baixa, cabelos cor de fogo e pés com calcanhares para frente que confundem os caçadores.

Além disso, dizem que o curupira gosta de sentar nas sombras das mangueiras e se deliciar com os frutos, mas se ele sentir que está sendo vigiado ou ameaçado ele logo começa a correr a uma velocidade tão grande que os olhos humanos não conseguem acompanhar.

Muitos dizem que existem curupiras que se encantam com algumas crianças e a levam embora para longe dos seus pais por algum tempo, mas são devolvidas quando atingem mais ou menos os sete anos de idade.

Com isso, as crianças "seqüestradas" e posteriormente devolvidas, nunca voltam como eram, devido ao fascínio que passam a sentir pela floresta onde viveram.

Para proteger os animais, o curupira usa mil artimanhas, procurando sempre iludir e confundir os caçadores, utilizando gritos, assobios e gemidos, fazendo com que o caçador pense que está atrás de um animal e vá atrás do Curupira, e este faz com que o caçador se perca na floresta.

Ao aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores.

Assim, ele vê se elas estão fortes para agüentar a ventania. Se perceber que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto.

O Curupira também pode encantar os adultos. Em muitos casos contados, o Curupira mundia os caçadores que se aventuram a permanecer no mato nas chamadas horas mortas. O encantado tenta sair da mata, mas não consegue.

Surpreende-se passando sempre pelos mesmos locais e percebe que está na verdade andando em círculos. Em algum lugar bem próximo, o Curupira está lhe observando: "estou sendo mundiado pelo Curupira", pensa o encantado.

Daí só resta uma alternativa: parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer dele uma bolinha. Deve-se tecer o cipó muito bem, escondendo a ponta de forma que seja muito difícil desenrolar o novelo.

Depois disso, a pessoa deve jogar a pequena bola bem longe e gritar: "quero te ver achar a ponta". A pessoa mundiada deve aguardar um pouco para recomeçar a tentativa de sair da mata.

Diz a lenda que, de tão curioso, o Curupira não resiste ao novelo. Senta e fica lá entretido tentando desenrolar a bola de cipó para achar a ponta. Vira a bola de um lado, de outro e acaba se esquecendo da pessoa de quem malinou. Dessa forma, desfaz-se o encanto e a pessoa consegue encontrar o caminho de casa.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Jeca Tatu

JECA TATUZINHO

de MONTEIRO LOBATO (Adaptação de Maria R. do Amaral)

Jeca morava no sitio. Era solteirão, por isso vivia só. Não totalmente, porque tinha um cão preto, sempre por perto. O apelido de Jeca Tatu advém da maneira como vivia. Caipira assumido e sempre muito sujo. Daí o TATU que é um animal que vive em buracos na terra.
Morava em uma tapera cheia de buracos, onde a lua faz clarão. Também não consertava nada. No quintal só viam um frangainho magricela, um patinho sem mãe e uma leitoazinha que corria por todos os lados em busca de alguma comida.
Jeca, de cócoras, no quintal tomava sol. Não calçava, pois não tinha sapatos. Um chapéu de palhas, camisa xadrez e uma calça surrada.
Plantar? Qual o que. Tinha muita preguiça. Meia dúzia de covas para o plantio do milho, e já entregava a rapadura. Buscar lenha no mato, era outra dificuldade. Vinha sempre com uns poucos gravetos nas costas.
O melhor era descansar. Deitava-se em baixo de una árvore e ferrava no sono. O cãozinho aderira a vida e o caráter do dono. Estirado nas pernas do Jeca dormia a sono solto.
Ah! Mais a marvada da pinga, estava sempre por perto. Era o que atrapalhava e muito.
Um dia passou por ali um médico que ao ver o Jeca, naquele estado de penúria, e amarelo de tanta debilidade física, compadeceu-se dele e pediu para que mostrasse a língua. Logo em seguida disse; Você esta com a língua muito suja. Com certeza está com estômago e intestinos em mau estado. Venha á cidade em meu consultório, que vou providenciar uns exames e ver como está sua saúde.
Jeca foi ao consultório do Doutor e depois e feito alguns exames, o médico concluiu que ele precisava fazer um bom tratamento, alimentar-se melhor e deixar a cachaça.
Além do mais, você precisava andar calçado, pois pela sola dos pés, é que passam os micróbios que danificam a sua saúde. Mostrou através de uma lente de aumento a ação dos micróbios. Jeca ficou abismado com o que ficou sabendo. Até o cãozinho preto do caipira estava de testemunha do que o doutor falava.
Na volta para casa, Jeca passou na farmácia e já mandou aviar a receita Eram algumas vitaminas e Biotônico Fontoura um fortificante porreta. Comprou também algumas frutas e legumes ovos e leite, passando a se tratar melhor.
E não deu outra. O nosso Jeca começou a ficar forte e passando a mão em um machado, cortava lenha em abundância. Depois quando ia ao mato buscar lenha, trazia um belo feixe na cabeça Começou a tomar gosto pela coisa e a sua plantação de milho, feijão e mandioca começou a produzir.
Saia para caçar e não tinha medo de nada. Ouvia a onça rugir e enfrentava a danada com socos e queda de braços. As feras corriam logo, embrenhavam-se pelo mato e Jeca ficava vitorioso no confronto. Sua fama alastrou-se na redondeza.
Ficou gordo e bonitão. Arrumou até casamento.
Fez uma casa maior e bem feita, com varanda e tudo mais. Andava de chapelão e botas. Teve filhos que ele também não deixava que andassem descalços. Pois sabia agora quanto vale a saúde.
Tão compenetrado era, com respeito a isso, que até seus porcos e galinhas, tinham botinas.
Criava porcos em pocilgas bem construídas e duas vezes por ano, levava-os em seu caminhão
Para vende-los no mercado da cidade. Comprou mais terras e formou uma pequena fazenda a quem deu o nome de Fazenda Feliz.
A sua vida, ficou totalmente modificada e para muito melhor. Tinha telefone, e uma TV que via a noite, sentado em uma cadeira de balanço.
A sua casa era bem arrumada, com um relógio que batia as horas.
Enfim, o nosso antigo caipira, era hoje homem de negócios e aos domingos, ia á cidade, cavalgando um belo cavalo alazão, soltando boas baforadas de seu charuto.

Conclusão: O Jeca de outros tempos, agora transformado em seu estado de saúde e progresso financeiro era mesmo um vencedor na vida. Graças a modificação de sua conduta em relação a higiene, a saúde e ao trabalho.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lenda do Boto Rosa


O boto rosa: A água é considerada como presente dado pelos deuses e é símbolo de fertilidade, proteção materna e dá continuidade a toda a vida. Desde os tempos da mitologia grega ela é habitada ou transformada. Na mitologia amazônica encontramos o mito do Boto Rosa que possui a qualidade de emergir das águas do Rio Amazonas à noite e adquirir forma humana. De peixe, transforma-se em um rapaz cuja beleza, fala meiga e sedutora, magnetismo do olhar atraem irresistivelmente todas as mulheres. Por isso, toda a donzela era alertada por suas mães para tomarem cuidado com flertes que recebiam de belos rapazes em bailes ou festas.

Por detrás deles poderia estar a figura do Boto, um conquistador de corações, que pode engravidá-las e abandoná-las.Atribui-se ao boto os inexplicáveis sinais de maternidade de algumas mulheres e ainda o desaparecimento e fuga delas para o fundo do rio.

Contam que em noites de festa, ele se transforma em um rapaz alto, claro, forte,bonito e sempre se apresenta muito bem vestido, usando uma espada na cintura e um chapéu, para ocultar um orifício para respiração que originalmente o animal possui no alto da cabeça.

O boto bebe, dança, seduz as moças interioranas que comparecem as festas de beira de rio. Antes da alvorada, pula na água e volta à sua condição primitiva.

Porém acabando o encanto, na hora que tem de transformar-se em boto, seus acessórios voltam a ser habitantes das águas: a espada é um poraquê, o chapéu é uma arraia e assim por diante.O boto tucuxi, segundo dizem, ajuda os náufragos.

Em uma versão, ajudaria apenas as mulheres, até para manter a fama de conquistador... Noutra, ajuda indiferentemente homens e mulheres. Não são poucas as pessoas que, ao escaparem da morte, atribuem o salvamento ao boto, além de Nossa Senhora de Nazaré.

Contam-se várias histórias em que maridos desconfiados de que alguém estivesse tentando conquistar suas mulheres, armaram uma cilada para pegar o boto.

A cilada geralmente acontece à noite, quando o marido vai à luta com seu rival e consegue feri-lo com uma faca, tiros ou com um arpão... mas o rival, mesmo ferido, consegue fugir e atira-se na água.

No dia seguinte para a surpresa do marido e demais pessoas, aparece o cadáver na beira do rio, com um ferimento de faca, ou de tiros ou ainda com arpão cravado no corpo, conforme a arma utilizada, mas, em vez do cadáver de um homem, o que se vê é, pura e simplesmente... o corpo de um boto.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Fábula: A Cigarra e a Formiga

Estava a cigarra, a cantarolar pelos campos, quando encontrou uma formiga que passava carregando um imenso grão de trigo.
"Deixe essa trabalheira de lado" - disse a cigarra - "e venha aproveitar este dia ensolarado de verão".

"Não posso. Preciso juntar provimentos para o Inverno" - disse a formiga - "e recomendo que você faça o mesmo".
"Eu, me preocupar com o inverno?" - perguntou a cigarra? "Temos comida de sobra por enquanto". Mas a formiga não se deixou levar pela conversa da cigarra e continuou o seu trabalho.
Quando o inverno chegou, a cigarra não tinha o que comer, enquanto as formigas contavam com o suprimento de alimentos que haviam guardado.
Morrendo de fome, a cigarra teve de bater à porta do formigueiro onde foi acolhida pelas formigas, e assim aprendeu sua lição.
Fábulas de Esopo

Fábula: O Corpo e os Membros

Certo dia, ocorreu aos membros do corpo que só eles trabalhavam enquanto a barriga sozinha recebia toda a comida.

Eles decidiram então fazer uma reunião, e, após longa discussão, resolveram entrar em greve até que a barriga concordasse em realizar uma parte do trabalho.

Durante alguns dias, as mãos se recusaram a pegar alimentos, e a boca se recusou a recebê-los.

Passado algum tempo, no entanto, os membros começaram a se sentir fracos.

As mãos não conseguiam se mexer, a boca murchou e as pernas nem eram capazes de se sustentar sobre os pés.


Assim, os membros descobriram que a barriga, a seu modo, realiza uma tarefa importante para o corpo, e que todos devem trabalhar juntos e fazer a sua parte para que o corpo possa funcionar.
Fábulas de Esopo

Lenda da Iara

A Iara é uma bonita moça que vive na água, contam os índios. Dizem que é tão linda, que ninguém resiste ao seu encanto. Costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas. Quando se percebe, já é tarde. Ela arrasta a vítima para o fundo das águas. Os índios têm tanto medo da Iara, que, ao entardecer, evitam ficar perto dos lagos e dos rios. Receiam ser atraídos por ela.
Jaguarari era um moço índio. Ele era muito forte, tão forte como a onça. E se houvesse uma luta entre os dois, não sei quem sairia ganhando. Era, também, muito corajoso e os outros moços índios morriam de inveja. Os velhos gostavam dele, porque era bondoso. As moças, então, viviam elogiando sua elegância, sua força, sua ligeireza! É claro que ele se sentia feliz.
O indio Jaguarari gostava de remar e possuía uma canoa muito bonita. Mas bonita mesmo! Feita com todo o capricho.
Quando ele passava, remando, as aves da beira do rio não fugiam, ao contrário, esticavam o pescoço o mais que podiam para vê-lo passar. Para pescar e caçar não havia outro! Não tinha nem graça: enquanto os outros índios se cansavam, correndo pela selva atrás de algum bicho, Jaguarari caçava quantos queria. Depois, pedia aos jovens índios que o ajudassem a carregar os animais que havia caçado. E eles, embora tivessem inveja de Jaguarari, não conseguiam resistir ao seu pedido, tão grande era sua simpatia. Como o moço era bondoso, ainda repartia os animais abatidos com os amigos, proibindo-os de contar aos outros índios quem os havia caçado...
Um dia, ele partiu bem
cedo para a caça. Ia sozinho. A manhã estava linda. De toda parte, saíam gritos, pios, cantos, saudando o sol que transformava tudo em vida e alegria. O moço índio sentia-se mais feliz do que nunca e não parava de admirar as maravilhas que encontrava: as aves voando perto das águas tranqüilas do lago... O colorido das flores... As teias de aranha cobertas de orvalho, parecendo tecidas com fios de prata...
Quanta beleza! Entusiasmado, ele resolveu passar o dia na floresta. Só voltaria à aldeia quando começasse a anoitecer. Queria aproveitar bem aquele dia maravilhoso. Foi entrando pela selva, até alcançar lugares que ainda não conhecia. Em tudo encontrava a mesma vida e a mesma beleza, que pareciam nascer da luz do sol.
Encontrou um lago muito bonito, o mais bonito que ele já havia visto. Tinha uma superfície tão calma e cristalina, que parecia ser de vidro. Não resistiu e resolveu dar um mergulho. Como sempre, as aves que se achavam nas margens não fugiram. Chegaram mais perto do lago, para ver melhor o moço índio. Depois de se banhar demoradamente, deitou-se à beira do lago e ficou admirando a beleza do céu.
Ficou assim horas, completamente esquecido do que pretendia fazer. Quando se lembrou, deu um salto, apanhou o arco, as flechas e partiu para a caça. Não queria caçar muito, pois estava longe de sua aldeia. E ficou por ali, caçando, até sentir fome. Preparou e comeu uma das caças e, sentindo sono, deitou-se para descansar um pouco. Adormeceu profundamente. Quando despertou, viu que o dia já estava terminando. Apressou-se em voltar à aldeia.
Mal começou a andar, ouviu um canto que o deixou maravilhado. Nunca ouvira nada tão bonito, antes. Deixava longe o canto do uirapuru! Jaguarari, encantado, queria conhecer a ave que cantava assim, mas já era tarde. Precisava ir embora, mas era tão bonito! Poderia voltar outro dia... E não conseguia afastar-se. Sem perceber, foi andando na direção da doce e mágica melodia. Afastando cipós e folhagens, sem ligar para o perigo que podia encontrar, foi seguindo como que puxado por uma corda invisível. Não demorou muito, chegou, por outro caminho, ao lago onde havia nadado.
E viu a Iara. Era realmente a Iara.
Tinha um rosto tão lindo, que o moço ficou impressionado. Sempre atraído, ele já estava quase dentro da água. Lembrou-se, porém, do que os velhos costumavam contar sobre a Iara e se agarrou desesperadamente ao tronco de uma árvore, à beira do lago.
A Iara, que já o tinha visto antes, quando ele estava nadando, queria leva-lo para o fundo das águas. Como não gostava da luz do dia, esperara entardecer para atrair o moço com o seu canto.
Jaguarari, por ser forte, muito forte, conseguiu resistir, agarrado ao tronco da árvore. Depois, segurando os cipós que havia por perto, conseguiu afastar-se do lago. Percebeu, então, inúmeros animais e aves, paralisados pelo canto da Iara. Estavam tão hipnotizados, que nem perceberam a sua passagem. Quando chegou à aldeia, sua mãe notou que ele estava diferente.
- Que aconteceu? - perguntou-lhe. Você foi atacado por alguma fera?
- Não, minha mãe. Nada me aconteceu.
- Mas você está tão esquisito! Nunca o vi assim!
- E apenas cansaço. Estive muito longe e precisei andar depressa, para que a noite não me pegasse na floresta.
- Ainda bem. Pensei que fosse coisa mais grave.
No dia seguinte, ele continuou preocupado e triste, bem diferente do que havia sido até então. Todos estranharam e queriam saber o que lhe havia acontecido. Muitos acreditavam que ele estava sendo vítima de Jurupari, o espirito do mal, pois o moço não ligava para mais nada. Apenas continuava a caçar e a pescar. Só que não trazia mais bichos e peixes, como antes. Agora, trazia apenas algum bichinho e dois ou três peixes, quando muito.
Ele ficava a maior parte do tempo na beira do lago, para tornar a ver a Iara. Estava completamente enfeitiçado.
A Iara, porém, não aparecia mais. E o moço ficava ali, atento, procurando perceber algum movimento na água ou ouvir algumas notas de seu maravilhoso canto. A mãe dele é que não conseguia descansar. Ficava à espera do filho e, todas as vezes que lhe perguntava o que estava acontecendo, a resposta era sempre a mesma:
- Nada. Apenas estou cansado.
Ele, que antes não gostava de ficar na floresta quando escurecia, voltava agora muitas horas depois de ter anoitecido. E, desde aquele dia, não aceitou mais a companhia de ninguém.
Os dias foram passando e cada vez Jaguarari parecia mais triste e desanimado. Tanto sua mãe insistiu, que, uma noite, ao voltar do lago, ele lhe contou:
- Vi a Iara, minha mãe. Num lago, bem dentro da floresta. É a moça mais linda que já me apareceu. Não existe outra igual. Seu canto é tão bonito, que não consigo esquecê-lo. Preciso vê-la outra vez e, novamente, ouvir a sua voz maravilhosa!
A pobre mãe pôs-se a chorar:
- Fuja da Iara! - pediu-lhe. Ela conseguiu enfeitiçá-lo e você será morto, se não se afastar dela!
Ele foi para a rede, mas não pôde dormir. A lembrança do canto da Iara roubara-lhe o sono.
No dia seguinte, ouvindo o conselho da mãe, Jaguarari não saiu da aldeia. À medida, porém, que a tarde ia caindo, ele foi ficando impaciente. Não conseguia conter-se. Precisava ir até o lago! Como era tarde demais para atravessar a floresta, tomou uma canoa e começou a descer o rio. Os que estavam por perto pensaram que ele ia pescar.
De repente, um índio gritou:
- Ei, Jaguarari não estava sozinho? Pois agora não está mais! Vejam!
Ao longe, avistava-se Jaguarari de pé, na canoa, em companhia de uma moça. Era a Iara. Foi a última vez que alguém o viu.

Lenda das fadas d'água galesas

Em todo primeiro dia do Ano Novo, uma porta era encontrada aberta perto de um lago gales e aqueles que ousassem entrar, davam com uma passagem secreta que o levava a uma pequena ilha no meio do lago.

Chegando a um jardim encontravam as fadas galesas que festejavam com seus convidados oferecendo todos os tipos de frutas, flores e os divertiam com bela música.

As fadas contavam seus segredos para os visitantes e o convidavam para ficar ali o tempo que desejassem.

No entanto, elas alertavam de que a ilha era um segredo e não deveria ser levado nada daquele lugar encantado.

Um dia , um visitante do jardim encantado, pôs em seu bolso uma flor achando que lhe traria sorte.

No momento em que saiu para a terra "profana" novamente, a flor sumiu e ele caiu inconsciente.

Desde este dia a porta, que levava ao jardim permaneceu fechada.

Lendas das fadas d'água galesas (Porta Mágica)

Lenda dos Diamantes


Os bandeirantes com sua "febre do ouro", aventuraram-se floresta adentro, alargando os limites do Brasil, em busca do tão sonhado metal que a natureza guardava no interior de seu ventre. Mas, tal empreitada, não era vista com bons olhos pelo nosso indígena e não demorou muito para que as hostilidades se iniciassem.

Sendo assim,os índios Puris, que habitavam o alto do Ibitira, conclamaram toda a tribo para defender suas terras e na conservação das relíquias deixadas por seus antepassadas. Entre elas, havia uma sagrada e secular árvore (Acaiaca), uma Deusa-árvore, que segundo suas crenças, havia servido de arca e abrigo para o primeiro "casal povoador", os pais dos Puris, quando o Jequitinhonha, com sua fúria devastadora inundou toda a região. Era justamente à sombra desta Catedral da Natureza, que os índios deliberavam e buscavam força e energia para derrotar seus inimigos.

Mas, os bandeirantes de modo a se locupletar com o ouro que a civilização européia exigia, sequiosa, para o seu luxo e conforto, prepararam-se para um grande ataque. Contaram então, com a ajuda do mameluco Tomás Bueno, que traindo o sangue que corria em suas veias, avisou-lhes que para derrotar completamente os Puris, deveriam cortar à árvore sagrada.

Quando toda a tribo retirou-se na primeira Lua Cheia, para margens do Ipiacica, lugar onde iriam festejar com uma grande tabira os esponsais de Cajubi com Iepipo (jovem e valente guerreiro), os invasores subiram até o Ibitira para cortar a frondosa Acaiaca.

Terminados todos os cerimoniais das núpcias, toda tribo retorna à taba. Lá aguardava-os a mais terrível das surpresas. Lançada ao solo, a Grande Deusa-Árvore, derramava suas últimas seivas de vida, depois dos duros e impiedosos golpes do machado, que a assassinaram.

Foi então, que tomado por cega fúria, o pajé Piracaçu, erguendo seus braços, deu seu grito de guerra, inspirando toda a sua tribo.

Os índios, até então pacíficos,deixaram de viver em harmonia, pois faltava-lhes Acaiaca,a árvore sagrada, o elo que os prendia à vida. Sobreveio a luta fratricida e eles não puderam defender-se do inimigo comum, invasor, sedento de ouro.

Os poucos sobreviventes fugiram e Iepipo, o corajoso guerreiro, a esperança dos Puris, jazia entre os mortos. Cajubi, sua esposa, a flor de manacá, desaparecera levando no coração o ódio e o desejo de vingança.

Piracaçu, o velho pajé, deitou um frio olhar sobre o que restou de sua tribo e subindo no tronco da árvore caída lançou sobre os bandeirantes uma eterna maldição.

O céu escureceu renunciando uma tempestade e foi iluminado pelas labaredas que subiam da árvore, do fogo ateado pelas mãos trêmulas de Piracaçu. Em meio as chamas, no topo da Acaiaca, ergueu-se a figura serena do pajé. Relâmpagos rasgavam a noite, seguidos de ensurdecedores trovões.

Um verdadeiro cataclisma convulsionou a terra, rachando-a. Uma chuva torrencial desabou e um surdo estampido ecoou, quando a Deusa dos Puris foi dragada para dentro do ventre da Mãe Terra.

Os carvões ainda incandescentes que haviam se espalhado por toda a parte, transformaram-se então, em grandes pepitas de diamantes.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Lenda do Saci



A Lenda do Saci data do fim do século XVIII.

Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele.

Seu nome no Brasil é de origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.

É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha, que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser.

Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos.

Ele também se transforma numa ave chamada Mati-taperê, ou Sem-fim, ou Peitica como é conhecida no Nordeste, cujo canto melancólico, ecoa em todas as direções, não permitindo sua localização.

A superstição popular faz dessa ave uma espécie de demônio, que pratica malefícios pelas estradas, enganando os viajantes com os timbres dispersos do seu canto, e fazendo-os perder o rumo.

Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc.

Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Dizem que Ele não atravessa córregos nem riachos.

Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e caso consega sua carapuça, pode realizar um desejo.

Alguém perseguido por ele, deve jogar em seu caminho cordas ou barbantes com nós. Ele então irá parar para desatá-los, e só depois continua a perseguição, o que dá tempo para que a pessoa fuja. Aqui, percebe-se a influência da lenda da Bruxa Européia, que é obrigada a contar os fios de um feixe de fibras, antes de entrar nas casas.

Do Amazonas ao Rio Grande do sul, o mito sofre variações. No Rio Grande ele é um menino de uma perna só, que adora atormentar os viajantes noturnos, fazendo-os perder o caminho.

Em São Paulo é um negrinho que usá um boné vermelho e freqüenta os brejos, assustando os cavaleiros. Se o reconhece o chama pelo nome, e então foge dando uma espetacular gargalhada.

Lenda: A Missa dos Mortos

Esta é uma das lendas mais tradicionais do Brasil.

Existe um registro muito popular de fatos dessa natureza que aconteceram na Cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, no começo do século XX, por volta de 1900, numa pequena Igreja, que ficava ao lado de um cemitério, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês.

Quem presenciou uma dessas missas, foi o zelador e sacristão da Igreja. Ele chamava-se João Leite e era muito popular e querido em toda aquela região.

Conta-se que numa noite, já deitado, ele viu luzes na Igreja e pensando que fossem ladrões foi investigar.

Para sua surpresa, viu que o templo estava cheio de fiéis, lustres acesos e o padre se preparando para celebrar uma missa. Estranhou todo mundo de roupas escuras e cabeça baixa. Ainda mais uma missa aquela hora sem que nada soubesse.

Quando o padre se voltou para dizer o "Dominus Vobiscum", ele viu que seu rosto era uma caveira. Viu que também os coroinhas eram esqueletos vestidos.

Saiu apressado dali e viu a porta que dava para o cemitério escancarada.

Do seu quarto, ficou ouvindo aquela missa do outro mundo até o fim.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Fábula: A Moça e o Leite



Uma moça ia ao mercado equilibrando, na cabeça, a vasilha do leite.

No caminho, começou a calcular o lucro que teria com a venda dele.

- Com este dinheiro, comprarei muito ovos. Naturalmente, nem todos estarão bons, mas, pelo menos, de três quartos deles sairão pintinhos. Levarei alguns para vender no mercado. Com o dinheiro que ganhar, aumentarei o estoque dos ovos. Tornarei a pô-los a chocar e, em breve, terei uma boa fazenda de criação. Ficando rica, os homens, pedir-me-ão em casamento. Escolherei, naturalmente, o mais forte, o mais rico e o mais bonito. Como me invejarão as amigas! Comprarei um lindo vestido de seda, para o casamento e, também, um bonito véu. Todos dirão que sou a noiva mais elegante da cidade.

Assim pensando, sacudiu a cabeça, de contentamento. A vasilha do leite caiu ao chão, o leite esparramou-se pela estrada e nada sobrou para vender no mercado.


(Não se deve contar com o ovo quando ele ainda está dentro da galinha)